Por: Cleiton Gomes
Após muitas tentativas de fazer o ETERNO mudar de ideia com relação à nação de Israel, Balaão se convence de que o caráter e a moralidade de D'us são imutáveis, que não é como o homem que retrocede com a sua palavra quando lhe é oferecido riquezas. O ETERNO falou que não iria amaldiçoar o povo de Israel simplesmente porque o rei Balaque estava implorando e motivando Balaão com a promessa de ficar rico. O Santíssimo tinha certeza sobre Sua decisão, que após tudo isso Balaão concluiu: "D'us não é homem para mentir; nem filho do homem para que se arrependa…" (Números 23: 19-20).
Este profeta, vendo que não conseguiria mudar a vontade do ETERNO com relação a Israel, mudou sua estratégia, e focou nos seres humanos. Agora, ele pretendia mudar o pensamento dos israelitas com relação ao ETERNO, e, numa jogada macabra orquestrou um plano e Balaque o executou, porque as riquezas oferecidas a Balaão eram maiores que ele poderia resistir. Mulheres lindas e devotas aos seus ídolos foram postas para seduzirem os homens de Israel e os tornarem adoradores de seus deuses (Núm. 31:16; Apoc. 2:14). A principal motivação das mulheres era ganhar discípulos para seus ídolos, não transar com os homens (Núm. 25:1-2). Por isso, devemos entender esse episódio de prostituição não somente no sentido literal, pois, também envolvia a prostituição espiritual! Envolve apostasia!
Muitos homens se deixaram ser seduzidos pelas mulheres, totalizando 24 mil homens mortos pela "praga". A Escritura não diz qual foi o nome da praga/peste, nos levando a considerar que ela era o próprio extermínio dos idólatras através das mãos dos juízes, já que a palavra מגפה (maggephah/ Strong: H4046) provém do radical נגף (nagaph) e significa "golpear" e "bater" (Strong: H5062). Assim, os idólatras foram golpeados, isto é, exterminados segundo o mandamento do ETERNO (Núm. 25: 4-5). Sobre isso, Paulo explicou que em apenas um único dia foram mortas 23 mil pessoas (1 Cor. 10: 6-8, 11-13), e os outros mil provavelmente foram mortos em dias distintos. O Talmud Yerushalmi parece considerar que os 24 mil mortos em Sitim eram todos da tribo de Simeão:
“Seis tribos subiram ao topo do monte Gerizim e seis tribos subiram ao topo do monte Ebal enquanto os cohanim [sacerdotes], os levitas e a arca estavam abaixo no meio. Os Cohanim estavam cercando a arca, os Levitas os Cohanim, e todo o Israel [estavam] em ambos os lados… (...) ... uma minoria estava no monte Gerizim e uma maioria no monte Ebal. Por quê? Porque a tribo de Levi não estava completamente lá. Pois se a tribo de Levi estivesse completamente lá, eles teriam sido iguais. Rebi Samuel bar Naḥman em nome de Rebi Jonathan: Se a tribo de Levi estivesse completamente lá, eles não seriam iguais. Por quê? Já que 24.000 caíram em Shiṭṭim da tribo de Simeão…” (Sotah 7:4).
Se essa teoria estiver certa, então a praga principal seria o próprio Zinri, da tribo de Simeão, o qual estava seduzindo seus parceiros ao engano. Assim, com a morte deste, "a praga perdeu a força de ser e cessou". Aliás, não acha suspeito muitos outros terem sido mortos antes dele e somente com o extermínio de Zinri foi que "a praga cessou"? Bem, não estamos afirmando que isto de fato deva ser entendido desta maneira, mas que esta é uma das possibilidades. A outra é que a praga fosse uma doença, um tipo de epidemia, algo assim.
Aqui aprendemos uma lição muito importante: ainda que você tenha um líder tido importante, aprenda a filtrar os ensinos dele, para não cair em ciladas quando ele vacilar e cair. Não tenha ele como um ídolo, para não desanimar e desfalecer durante a queda dele. Devemos ser cuidadosos em pesar as palavras e atos daqueles que dizem oferecer auxílio. Assim fez Finéias, que não tinha nenhuma formação militar, sendo apenas filho do sacerdote Eleazar e neto de Arão (sendo também parente próximo de Moisés), não se deixou ser enganado por essa categoria de líder e arriscou a sua vida em uma jogada de zelo por amor ao ETERNO, exterminando o mal do meio da congregação, matando Zinri e Cosbi com uma lança (Núm. 25: 6-18; Salmo 106: 28-31).
Os idólatras realmente pensaram que poderiam adotar o costume das nações, pensando que a mistura de crenças (sincretismo religioso) eram permitidas pelo ETERNO. Ledo engano! A Escritura nunca ensina a mostrar respeito aos falsos deuses de outras culturas, nem mesmo como um meio para coexistência pacífica, afinal, um dos maiores mandamentos é ter apenas o ETERNO como único D'us (Deut. 6:4). Sendo assim, o politeísmo é totalmente rejeitável, pois o monoteísmo é inegociável.
Claro, devemos lembrar que atualmente muitas pessoas vivem em países laicos, "obrigados" a ter que respeitar as diferentes crenças e ideologias para não serem acusados de que a pregação do evangelho extermina as culturas e é uma doença. Isso acontece porque os países laicos são governados por homens e por leis humanas, mas se o governo fosse teocrático como era no passado a pena de morte ainda seria aplicável nessas situações, e somente existiria na nação a crença no monoteísmo.
Continuando. Repare também que Zinri, descaradamente, trouxe a midianita chamada "Cosbi" para o acampamento, na vista de toda a congregação e de Moisés, depois desfilou para a tenda para praticar promiscuidade (Núm. 25:6). Isto demonstra o estado de espírito pervertido ao qual esta pessoa sucumbiu, pois, não se importou com os choros e lamentos dos seus parentes, antes demonstrou estar triunfando com a imoralidade sobre a modéstia. Enquanto muitos outros israelitas lamentavam a morte dos que se perderam na idolatria, este homem trouxe uma mulher idólatra para praticar promiscuidade no acampamento de Israel.
Ninguém ousou impedi-lo antes de chegar na tenda, nem mesmo Moisés. Isso porque o ETERNO já havia declarado qual seria a sentença contra os homens que se envolvessem com as moabitas daquele lugar, mas nada fora sido dito sobre as midianitas. Assim, ele (Moisés) aguardava uma resposta clara da parte do ETERNO, para que algo fosse relacionado naquela situação, se mantendo inerte enquanto não obtinha resposta. Ele esperava a clareza de uma decisão a ser tomada naquele instante em que seu coração estava em pesar sobre as almas que faleceram. Mas, diferente dele, Finéias se levantou como um líder para tempos de trevas, para quando a resposta do ETERNO não viesse de forma imediata, mas que faria a coisa certa se fosse zeloso nas suas decisões. Então, ele se levantou com zelo e foi até a tenda exterminar os dois enquanto estavam envolvidos em um ato sexual; e assim o mal sobre Israel cessou.
A decisão dele foi legítima, não sendo assassinato, pois a Torá determina que o pecado de idolatria, prostituição e adultério, são punidos com a morte (Êxodo 22:20; Deut. 22:13-24). Ele não agiu motivado por ódio pessoal, mas somente por seu grande amor a D'us e ao seu povo, caso contrário seria fanatismo religioso e não zelo; no momento em que os preconceitos e inclinações pessoais estão envolvidos, a pessoa deixa de ser zelosa. Então não confunda zelo com fanatismo, porque este homem se preocupou em executar uma sentença legítima, durante uma questão moral extremamente sensível.
Assim, nos termos da Torá, Finéias fez algo legítimo e foi recompensado pelo ETERNO, que lhe deu uma aliança perpétua no sacerdócio. Ora, o pai de Finéias era o Sumo Sacerdote, e quando ele morresse alguém naturalmente deveria se tornar o próximo, e o ETERNO escolheu Finéias para ser este que ocuparia o lugar de seu pai. Dali em diante ele iria liderar o sacerdócio levítico.
Um detalhe crucial é que a Escritura afirma que ele fez Kapará pelo povo, isto é, expiação de pecados através do derramamento de sangue (Núm. 25:13). Se não fosse através do zelo deste homem, consideramos acreditar que toda a nação de Israel teria sido exterminada por conta da extrema imoralidade que se instalou no meio deles. Cumpre registrar que, dos adultos que saíram do Egito e entraram na terra prometida, apenas Josué e Calebe sobreviveram (Núm. 26: 64-65). Entraram apenas os mais moços na terra prometida.
Enfim, graças ao ETERNO ainda existem homens valorosos, que não se deixam ser enganados pelos prazeres que o mundo pode oferecer e pelos falsos caminhos que os homens podem ensinar, mas que se mantêm zelosos às instruções da Torá mesmo em tempos de trevas! Quem se manter fiel até o fim em tempos de tribulação, no final será recompensado com a coroa que o ETERNO preparou para todos os seus servos! Então, "guarda o que tens para que ninguém lhe tome a tua coroa"!!! Os ensinamentos da Torá são o tesouro mais valioso que as pedras preciosas deste mundo, então guarde ela em seu coração, porque quem fizer isso será chamado grande no reino de D'us (Salmos 19: 7-10; Mateus 5:19)
Seja iluminado!!!
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