Por: Cleiton Gomes
Jonas (Yonah) iniciou o seu ministério um tempo após a morte do profeta Eliseu (2 Reis 13/ alguns rabinos até suporam que Jonas teria sido a pessoa que ressuscitou quando fora lançada na cova onde jazia os ossos do profeta Eliseu - 2 Reis 13: 21), sendo seu nome mencionado durante o governo de Jeroboão II. Era filho de Amitai, sendo profeta e cidadão de Gate-Hefer, uma cidade situada na fronteira entre Zebulom e Naftali, que ficava ao norte de Nazaré na Galiléia (2 Reis 14:25; Jonas 1:1). Alguns rabinos consideram que Jonas fosse da tribo de Zebulom, afinal, Gate-Hefer era território dessa tribo de Israel, conforme lemos em Josué 19: 10-16.
Em se tratando da história no livro de Jonas, lemos que o personagem recebeu a ordem divina de pregar a mensagem de arrependimento para os moradores da cidade de Nínive, uma populosa capital da Assíria, que continha um pouco mais de 120 mil habitantes naquela época (Jonas 4:11). Porém, o mesmo decidiu contrariar a ordem e mudou a sua direção, indo para a cidade de Tarsis. Contudo, quando estava na embarcação, uma grande tempestade começou no Mar a ponto de querer destruir o transporte.
Abre um parêntese: é provável que o profeta Jonas estivesse com medo de ir para aquele lugar, por conta dos rumores de crueldade dos habitantes da Assíria (Naum 3: 1-7; Jonas 1:2), isso até explicaria a razão de ele ficar indignado e/ou confuso por saber que aquela nação se arrependeu e não foi destruída pelo castigo do ETERNO. Talvez pensasse que a crueldade daquelas pessoas não seria digna de merecer perdão (Jonas 3:8; 4:1). Fecha o parêntese.
Todos os marinheiros começaram a clamar aos seus próprios deuses, mas Jonas estava dormindo profundamente, até que o chamaram para clamar ao seu próprio D'us. Após isso, lançaram sortes para descobrir qual das pessoas era a culpada por aquela "má sorte", e ela recaiu sobre Jonas, o qual teve que explicar ser um Hebreu, bem como esclarecer que aquela tempestade era resultado de sua desobediência. Assim, Jonas exclamou que a tempestade iria parar se jogassem ele ao mar, e assim foi. De início, não quiseram fazê-lo, pois julgavam desumano atirá-lo às águas, expondo assim a uma morte certa um estrangeiro que lhes havia confiado a vida. Quando se viram prestes a morrer, todavia, o desejo de salvar as próprias vidas e a insistência do profeta fizeram-nos decidir lançá-lo ao mar. No mesmo instante, a tempestade cessou.
Após ser lançado ao mar, Jonas foi engolido por um grande peixe (provavelmente extinto atualmente), e passou três dias e três noites ali. Após algumas horas ali dentro, ele diz que clamou de dentro do inferno; com isso ele quis dizer que o peixe havia se tornado sua sepultura (Jonas 2: 3-7). É bem provável que ele tenha morrido durante o primeiro dia, ressuscitado após o fim do terceiro dia, vomitado do ventre do grande peixe após 72 horas. Após isso, o profeta anunciou a mensagem de arrependimento para os ninivitas, os quais temeram o juízo sobre sua cidade e passaram a orar e a jejuar; o governante local também lançou o decreto de jejum absoluto até para os animais domesticados. O resultado foi a salvação para os ninivitas.
A pergunta a se fazer é: se os ninivitas eram inimigos de Israel, como aceitaram a mensagem de um profeta hebreu sem questionar absolutamente nada, simplesmente se renderam? A resposta comum é que aquele povo acreditava em uma profecia mitológica, de que um mensageiro do seu deus Dagom (tinha parte humana e parte peixe) viria até eles anunciar uma mensagem após sair das águas. Assim, quando Jonas foi vomitado no litoral da Assíria, a grande aglomeração de pessoas que viviam e comercializavam ali, provavelmente viram Jonas sair do mar e acompanharam-no a Nínive, servindo de testemunha do fato inédito. Por isso o ETERNO teria feito o peixe engolir Jonas, para que ao ser lançado de dentro do mar, as pessoas daquela região dessem créditos à mensagem pregada. Aliás, o ETERNO poderia facilmente soprar a embarcação até o litoral de Nínive sem a necessidade de uma grande tempestade, e sem a necessidade de fazer um grande peixe engolir o profeta.
Disso resulta que quando Jonas foi pregar para os habitantes, todos se renderam sem questionar absolutamente nada, acreditando que ele seria o mensageiro prometido. Esse ponto de vista não é de todo modo incorreto, afinal, lemos que o apóstolo Paulo passeou pela cidade de Atenas e encontrou um altar dedicado "ao deus desconhecido", e ao receber oportunidade para ensinar, disse que veio anunciar sobre o D'us que eles não conheciam! (Atos 17:23) Assim também poderia ter feito Jonas, o qual aproveitando a boa fé dos ninivitas sobre o tão esperado mensageiro, anunciou o arrependimento em nome do verdadeiro D'us!
Pensando diferente disso, o rabino David Kimchi (Radak, 1160-1236), disse que os próprios marinheiros daquela embarcação, foram para a cidade de Nínive testemunhar sobre Jonas, confira:
"Creu: porque os marinheiros estavam na cidade e testemunharam sobre Jonas que o haviam lançado ao mar, e o resto de sua história como aconteceu. É por isso que eles acreditaram em sua profecia e se arrependeram completamente". (Fonte: Radak sobre Jonas 3:5:1 ).
Nesse segundo ponto de vista é entendido que os ninivitas se renderam à pregação de Jonas, apenas porque pessoas de várias regiões que estavam presentes com ele na embarcação (inclusive se converteram/ Jonas 1:14-16), anunciaram que aquele homem carregava uma mensagem autêntica, digna de ser ouvida e atendida com urgência. Foi assim que os ninivitas aceitaram rapidamente a mensagem de um hebreu sem questioná-lo.
E mais: sabemos que Jonas foi considerado profeta ainda nos tempos de Jeroboão II, de maneira que este era um personagem real e não fictício. Flávio Josefo reitera esses detalhes em suas Antiguidades dos judeus (capítulo 11, parágrafo 2). Jonas não foi uma figura imaginária inventada para desempenhar o papel de um profeta desobediente engolido por um peixe. Ele fazia parte da história profética de Israel. Disso resulta que as descrições históricas do livro de Jonas são literais e não fruto de ficção; também, cai por terra a alegação de alguns fariseus, os quais disseram não ter nascido profetas verdadeiros na região da Galiléia (João 7:52). Por essa razão, quando Yeshua estava falando sobre sua morte e ressurreição, teve firmeza em falar que passaria três dias e três noites, semelhante ao exemplo de Jonas (Mateus 12:39-41; Lucas 11:29).
Em suma, podemos aprender que Jonas conseguiu levar ao arrependimento os moradores de Nínive e também os marinheiros que estavam com ele, os quais ofereceram sacrifícios ao D'us dos Hebreus! Os marinheiros clamaram em nome de YHWH!
Seja luz por onde quer que você coloque os pés!
Seja iluminado!!!
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