Romanos 11 e a teologia da substituição

Por: Cleiton Gomes 

Costumam dizer que Romanos 11 mostra o povo de Israel sendo rejeitado pelo ETERNO, o qual escolheu outro povo em lugar deles (Rm 11: 17-22). Não obstante, caso façamos a análise completa do contexto, teremos uma melhor clareza no ensino de Paulo. Por exemplo, o apóstolo fala sobre "a boa oliveira", dizendo que alguns dos ramos naturais dessa oliveira foram arrancados por não darem frutos. Ele é ainda mais específico ao dizer que os ramos cortados poderiam ser colocados de volta em sua própria oliveira (versículo 24). Assim, há fatos que são indiscutíveis:

A) Alguns dos ramos naturais foram cortados da boa oliveira;

B) Os ramos naturais eram israelitas;

C) Os ramos poderiam ser colocados de volta em sua própria oliveira;

D) Logo: a boa oliveira é Israel, a qual não foi rejeitada (Romanos 11: 1-2)

A boa oliveira é Israel (um título dado pelo próprio ETERNO – Jeremias 11:16), e apenas os israelitas incrédulos foram arrancados por não darem frutos. No processo de enxerto a árvore não é arrancada pela raiz para ser colocada outra em seu lugar, apenas os galhos podres são cortados e lançados fora. Foi no lugar desses galhos cortados que os gentios foram enxertados, e dariam frutos por estarem recebendo o alimento da árvore (Romanos 11: 17-18). Em outras palavras, os gentios foram enxertados em Israel através do Messias; eles não tomaram o lugar de Israel como pressupõem os néscios, afinal, o ETERNO disse que jamais rejeitaria os remanescentes desse povo por conta das promessas feitas aos patriarcas (Jeremias 31:35-37). 

Para não restarem dúvidas, este mesmo apóstolo declarou que os gentios estavam afastados das promessas, mas foram unidos à comunidade de restauração de Israel iniciada por Yeshua, passando a fazer parte das heranças e promessas como filhos naturais:

"Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem o Messias, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem D'us no mundo. Mas, agora, em Yeshua, o Messias, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue do Messias." (Efésios 2:11-13). 

O alimento que os gentios estariam recebendo de Israel era o aprendizado da Torá, algo realizado através dos discípulos de Yeshua, com a iluminação do Espírito do Senhor (Ezequiel 36: 26-27). Primeiro o Messias escolheu discípulos, todos israelitas circuncidados na carne; eles pregaram a mensagem de restauração apenas entre e para os israelitas durante vários anos, mas houve uma época em que essa mensagem de restauração foi levada para os gentios naturais, que aceitaram Yeshua e começaram a aprender com os discípulos de Yeshua. Ou seja, os gentios naturais estariam aprendendo uma doutrina judaica através da comunidade judaica nazarena mentoreada por Yeshua e seus discípulos. 

Em suma, estão errados todos que insistem em dizer que a comunidade de restauração começou com os discípulos gentios, e que, somente anos mais tarde alguns dos judeus foram enxertados à igreja gentílica. É falso o pensamento de que os israelitas foram ensinados pelos gentios a partir de uma doutrina greco-romana, numa perspectiva helenizada. É por pensar dessa maneira que surgiu o pensamento de que “não foi a doutrina dos judeus que abraçou os gentios, e sim a doutrina dos gentios que abraçaram os judeus”, ou como Inácio de Antioquia dizia: “É absurdo nomear Jesus Cristo e judaizar. Pois a religião cristã não abraçou a judaica. Mas a judaica abraçou a cristã...” (Carta de Inácio aos Magnésios 3:8,11) 

Essa forma de interpretar a cronologia dos fatos bíblicos está equivocado, pois, vimos que a mensagem de restauração começou entre os israelitas, mentoreadas pelo judeu, Yeshua, sendo levado essa mensagem para os gentios somente anos mais tarde. Basta conferir os capítulos do livro de Atos para chegar a esta conclusão de que foram os discípulos de Yeshua, que eram israelitas na carne, foi quem levou as boas novas para os gentios (Atos, capítulos 10 e 11). 

Disso resulta que, se atualmente os gentios querem se separar da comunidade judaica nazarena de restauração, os tais estão batalhando contra o próprio Yeshua, não sendo necessário o ETERNO cortar da boa oliveira os gentios que se vangloriam (Rm 11: 18-21), pois, eles mesmos já estão se cortando da raiz e da seiva. 

Seja iluminado!!!