Por: Cleiton Gomes
A “santa ceia” ou "eucaristia" é uma cerimônia religiosa onde se celebra a morte e ressurreição do Messias, sendo comemorada em datas aleatórias no meio cristão. Pois, há uma divergência no pensamento, se ela deve ser celebrada todas as semanas, ou quinzenas, ou mensalmente, ou uma vez a cada três meses, etc. Neste memorial são utilizados dois elementos: "pão e vinho", repartidos em pequenas porções aos membros durante o culto. Alguns líderes preferem produzir um pão sem fermento em sua própria casa antes do culto, enquanto outros preferem utilizar bolachas salgadas ou pão comprado na padaria, sendo alimentos fermentados.
Leitor, preste atenção nas seguintes palavras: não é nossa intenção ensinar como se deve celebrar a Ceia cristã, e sim analisar os textos bíblicos utilizados para dizer que foi Yeshua que inaugurou uma nova festa. Ao longo do estudo saberemos a forma de realizar a cerimônia que o Messias praticou. De antemão, adiantamos a informação de que a "santa ceia cristã" não é igual a que foi realizada pelo Messias e seus discípulos. Sobre isso escreveu o Cristão, Frank A. Viola:
“A Ceia.... composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica.” (Cristianismo Pagão, página 114).
Pois bem! Vamos analisar os episódios da cerimônia realizada pelo Messias. Primeiro lemos que os discípulos se aproximaram de Yeshua e perguntaram: "onde queres que façamos os preparativos para celebrar a santa ceia?" Ops! O texto não diz isso, e sim diz: "Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a páscoa?” (Mateus 26: 17; veja também: Lucas 22: 7-19).
Santa Ceia ou Páscoa? Qual cerimônia os discípulos de Yeshua realizaram? Creio que você já sabe a resposta.
A cerimônia que Yeshua estava prestes a realizar era um ensaio para a chegada da festa de Pêssach, conforme registrado por seus discípulos. Caso seja analisado com cuidado, veremos que essa cerimônia foi realizada um dia antes da festa original de Pêssach, pois Yeshua precisava demonstrar para seus discípulos que ele era o Cordeiro de D'us, algo que não daria para realizar durante a sua caminhada até o calvário carregando pesados pedaços de madeira. Sua carne e o seu sangue são símbolos de "vida", "libertação" e "proteção" para quem aceitasse o seu sacrifício. Pois, quem aceita o sacrifício do Messias é como se estivesse marcando simbolicamente o seu corpo com o sangue do Cordeiro.
Para quem não sabe, a festa de Pêssach começou em Êxodo 12. O livro de Êxodo, conforme afirmam os teólogos, foi escrito em hebraico; neste idioma não foi utilizada a palavra “páscoa” e sim פסח (Pêssach), que num significado amplo significa “liberdade”, ou num conceito comum “passagem”, que remonta ao tempo em que o anjo exterminador passou por cima das casas daqueles que tinham a marca do sangue do cordeiro, e trouxe a morte aos primogênitos daqueles que não tinham o sinal do sangue. Isso mostra que o ETERNO protege e recompensa aqueles que guardam os seus mandamentos, e pune aqueles que não fazem caso disso.
Em nenhum lugar da sagrada escritura está escrito que Yeshua celebrava santa ceia, ou que ele é o cordeiro de uma suposta festa bíblica chamada "santa ceia" que vinha sendo realizada pelos antigos israelitas. Na verdade, a Escritura diz que Yeshua celebrava a festa de Pêssach todos os anos, desde a sua mocidade (Lucas 2:41; João 2:13). Isso mesmo, todos os anos, porque esta festa bíblica, — diferente da ceia cristã praticada em datas aleatórias —, é celebrada anualmente em uma data fixa prevista no calendário bíblico-judaico (Levítico 23:4-8; Números 9:5-14).
É imperioso fazer a comparação de dois trechos bíblicos, para aprender o quão maravilhoso é o alinhamento escritural:
"No mês segundo, no dia catorze, no crepúsculo da tarde, a celebrarão; com pães asmos e ervas amargas a comerão. Dela nada deixarão até à manhã e dela não quebrarão osso algum; segundo todo o estatuto da Pêssach, a celebrarão. Porém, se um homem achar-se limpo, e não estiver de caminho, e deixar de celebrar a Pêssach, essa alma será eliminada do seu povo, porquanto não apresentou a oferta do SENHOR, a seu tempo; tal homem levará sobre si o seu pecado." (Números 9:11-13).
Veja essa mesma ideia sendo expressa nas palavras de Yeshua:
"Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele." (João 6:53-56).
Yeshua fez um ensaio com os seus discípulos para mostrar que, na próxima festa de Pêssach que estava prestes a ser celebrada pelos judeus, ele morreria no dia 14 de Nissan, no final de tarde, simbolizando que ele era o cordeiro de D'us. De fato, Paulo disse que ele é o Cordeiro de Pêssach (1 Coríntios 5:7). A festa começa no dia 14, mas o jantar cerimonial é realizado no começo do dia 15, sendo considerado o início da festa de pães sem fermento (Levítico 23:5-6). Isso explica porque o pão da festa de Pêssach realizado por Yeshua não tinha massa fermentada! Logo, de onde tiraram a ideia de que no memorial feito a Yeshua se deve comer massa fermentada? (bolachas salgadas e pão de padaria).
Outra comparação bem interessante se dá pelo seguinte motivo: "no início da festa de Pêssach era realizada a hagadá, que significa contar a história dramática de como o ETERNO libertou os israelitas do cativeiro egípcio" (Êxodo 13:8). De forma similar, lemos que Paulo, quando esteve realizando o memorial de Pêssach, contou sobre a história dramática de como foram os últimos momentos da morte do Messias, bem como ensinou que Yeshua nos liberta do cativeiro espiritual quando cremos em seu sacrifício (1 Coríntios 11:20-34).
Na tradição também era dito para tirar o alimento fermentado de dentro das casas de quem fosse celebrar as festas bíblicas (Êxodo 12:15); de forma similar, lemos que Paulo ensinou sobre o dever de tirar o fermento de nossas vidas! (1 Coríntios 5:7-8). Além disso, há uma ordem de fazer uma vigília após o jantar memorial (Êxodo 12:42), e foi exatamente isso que Yeshua fez após o jantar de ensaio com os discípulos (Mateus 26: 36-44; Marcos 14: 32-40).
Com certeza ninguém gosta de comer comida seca, não é? Foi pensando nisso que adicionaram o costume de utilizar o vinho para simbolizar o sangue. Por exemplo, lê-se na Torá que o sangue do cordeiro aplicado nos umbrais das portas livrou os primogênitos dos hebreus da morte, havendo a condenação dos filhos primogênitos dos egípcios. Assim, metaforicamente, o fruto da videira utilizado em Pêssach simboliza o sangue, que serve como símbolo de proteção e redenção.
A pergunta a se fazer agora é: Yeshua criou a Santa Ceia e aboliu a festa de Pêssach?
A resposta é um sonoro NÃO, pois, vimos anteriormente que todos os preparativos da cerimônia realizada pelo Messias continham os mesmos elementos da festa de Pêssach. Sendo assim, o pão e o vinho fazem parte desta festa, e caso a intenção de Yeshua fosse criar uma cerimônia oposta ao Pêssach, ele deveria ter usado outros elementos, tal como um pedaço de biscoito com fermento e um suco de beterraba, por exemplo. Daí ele teria feito uma liturgia totalmente diferente do Pêssach. Mas, ao utilizar os mesmos alimentos, confirmou que estava celebrando o Pêssach bíblico!
Além disso, a expressão "fazei isto em memória de mim" não significa "eu aboli a festa de Pêssach"; pelo contrário, o Messias estava dizendo que sua morte e ressurreição deveria ser lembrada durante todas as vezes em que a festa em questão fosse realizada, a qual já sabemos ser anualmente, na data fixa prevista pela Torá. Portanto, devemos praticar este memorial bíblico, lembrando da libertação do cativeiro egípcio, e também lembrar do sacrifício de Yeshua, que nos liberta do cativeiro espiritual. Essa festa deverá ser praticada até o retorno do Messias, pois, ele disse que o último jantar será celebrado no mundo vindouro (Mateus 26:29). Por isso, celebremos a festa até ele vir!
Em suma, aprendemos que existem diferenças entre a cerimônia realizada no mundo cristão com aquela que foi praticada por Yeshua e seus discípulos. A primeira diferença é que Yeshua estabeleceu uma data fixa para seu memorial, sendo exatamente na mesma data da festa de Pêssach, afinal, o memorial para ele é uma extensão dessa mesma festa. Já no mundo cristão o memorial é feito em datas aleatórias, pois pregam que o Messias aboliu a festa de Pêssach.
A segunda diferença é que na festa de Pêssach o clima é de alegria com toda a família, mas no meio cristão o clima é tenso, pesado, sombrio, taciturno.
A terceira diferença é que no Pêssach existe literalmente um jantar, tal como lemos na declaração feita por Paulo em 1 Coríntios 11. Mas, na cerimônia cristã o alimento não chega a ser satisfatório para ninguém, pois é distribuído apenas um dedalzinho de suco ou vinho, e um minúsculo pedaço de pão. Isso não é uma janta, nem chegar a ser considerado uma merenda.
A quarta diferença é que após o jantar memorial se deve fazer uma vigília, porém, no mundo cristão, após a cerimônia cada um retorna para seus lares para dormir. Enfim, essas são algumas das diferenças entre o Pêssach realizado por Yeshua, e a Santa Ceia tal como é pregada pelos cristãos.
Caso queira aprender mais sobre a festa de Pêssach, clique AQUI.
Seja iluminado!!!
0 Comentários
Deixe o seu comentário