Lei Moral, Cerimonial e Civil: estas são as verdadeiras categorias da Torá?

Por: Cleiton Gomes 

A maioria dos teólogos costuma afirmar que a lei está dividida nas seguintes categorias: 1) "Lei moral", 2) "Lei Cerimonial", e 3) "Lei Civil". Porém, a sagrada escritura nunca nomeou as categorias da Torá desta maneira. Ninguém encontrará alguma categoria na Escritura chamada pelos nomes ditos anteriormente, afinal, as verdadeiras divisões são estas:

1) Juízos;

2) Estatutos;

3) Testemunhos;

4) Preceitos;

5) Mandamentos. 

Confira essa assertiva na Escritura:

"E guarda os preceitos do SENHOR teu Elohim, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que fores." (1 Reis 2: 3). 

Vamos falar um pouco sobre cada um deles:

1) MISHPATIM ( juízos, julgamentos) – Strong: H4941. São instruções que fazem a distinção entre aquilo que é moralmente correto e aquilo que é errado (ex: não mentir, não roubar, não dar falso testemunho). 

2) CHUQQAH ou "CHUKOT" (estatutos, decretos) – Strong: H2706. São algumas das regras existentes na Torá que aparentemente não possuem uma razão de existir (ex: não misturar lã com linho, enterrar as fezes/ Deuteronômio 22: 11; 23: 13). As regras sobre a alimentação descritas em Levítico 11 também estão incluídas nesta categoria. 

3) EDUT (testemunho) – Strong H5715. São algumas das normas existentes na Torá que servem como memorial e que apontam para a soberania do ETERNO (ex: guardar o mandamento do sábado, praticar as festas bíblicas, leia Êxodo 20: 8-11; Levítico 23). 

4) MISHMERETH (preceitos) – Strong: H4931. Se trata das regras que fazem distinção entre cargos e ofícios para as diferentes classes de pessoas. Também se refere a forma de como se deve praticar os mandamentos da Torá de forma adequada ("ex. você deve fazer isso exatamente dessa maneira"). Fala sobre as obrigações de cada pessoa. 

5) MITZVAH  (mandamentos). É uma forma de descrever uma ordenança da Torá em que, de dentro dela, é possível extrair outras regras, tal como “não praticar a imoralidade sexual”. Aquilo que é chamado de imoralidade sexual inclui o sexo com animais, sexo com pessoas do mesmo gênero e sexo com pessoas da própria parentela. Isso quer dizer que dentro deste mandamento estão incluídas outras regras da Torá. 

Outro exemplo bastante comum é "o mandamento do amor". Neste mandamento estão incluídas praticamente todas as regras sobre moralidade existentes na Torá, pois, não assassinar, não roubar, não praticar o adultério, não praticar a vingança e nem o ódio gratuito, não praticar a cobiça, etc, tudo isso está incluído no mandamento do amor. Aquele que obedecer às instruções do Criador estará praticando o mandamento do amor, pois "o cumprimento da Torá é o amor” (Romanos 13: 8-10). É por isso que o Messias falou que este é o maior mandamento da Torá (Mateus 22: 37-40). 

Quando Yeshua respondeu à pergunta a respeito do maior mandamento existente na Torá, ele o fez usando este entendimento. Portanto, aqueles que pensam que o Messias estava abolindo o restante das ordenanças existentes na Torá ao falar do mandamento do amor, estão totalmente errados. E para finalizar, vale registrar que o amor não é um conceito abstrato onde devemos apenas dizer "eu te amo". Um amor sem demonstrações é um amor morto, fajuto, inútil, fingido. O verdadeiro amor é a junção de palavras e obras, pois através das obras estaremos demonstrando nosso amor (João 15: 12; 1 João 2: 3-6; 5:1-3). É através da nossa demonstração de amor que iremos criar um verdadeiro laço de amizade e de reciprocidade.

Agora que você entende esse conceito das verdadeiras categorias da Torá, quando fizer uma leitura de todo o Salmos 119, vai começar a entender que todo aquele salmo foi escrito para falar sobre o que a Torá realmente é. Descobriremos coisas como "a Torá liberta" (Salmos 119: 44-45), "a Torá é a luz" (verso 105), "a Torá é a verdade" (versos 142 e 152). Por fim, lemos que ela é a própria Palavra de D'us (verso 160).

Em suma, através disso vimos não haver fundamentos para se afirmar que o Messias veio para destruir a Torá, nem mesmo para afirmar "que ele aboliu a lei cerimonial", afinal, esta categoria nem faz parte dela. 

Seja iluminado!!!