Gálatas 5 e a lista de regras da Torá mencionadas por Paulo

Por: Cleiton Gomes


Muitos teólogos investiram tempo para ensinar que Paulo era um ferrenho opositor da Torá. No entanto, a verdade é que ele era um defensor e não inimigo. No livro aos Gálatas, por exemplo, ele citou diversas regras da Torá, conhecidas no ramo da teologia como "mandamentos negativos". 


Isso mesmo, existem os mandamentos positivos e os mandamentos negativos. Positivos são aqueles que dão permissão às pessoas ("você pode fazer isso"), para poderem realizar determinadas atividades, tal como "você pode amar o seu próximo". Negativos são regras que lançam proibição às pessoas ("você não pode fazer isso"), tal como dizer "você não pode praticar o sexo com animais". 


Em Gálatas 5 lemos que Paulo falou sobre as obras da carne. De forma implícita que ele diz que a Torá ("lei de Moisés") condena as obras da carne, pois a mesma é a favor das obras do Espírito, razão pela qual foi dito que "contra as obras do Espírito não há lei". Sim, a Torá abomina as obras da carne, por essa razão Paulo disse que aqueles que praticam as obras da carne não herdarão o Reino de D'us. Pois, quem pratica as obras da carne estará violando os mandamentos negativos prescritos na Torá. Transgredir a Torá resulta em pecado, e a consequência do pecado é a morte! 


Vejamos o trecho bíblico onde o apóstolo Paulo cita várias normas proibitivas descritas na Torá:


“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais  eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Elohim  os que  tais coisas praticam.” (Gálatas 5: 19-21, Bíblia Revista e Atualizada Interlinear, com a alteração da palavra glutonaria para “orgia” e do título “Deus” para “Elohim”)


Eis a lista:


1) “Não praticar a prostituição”. Trata-se do sexo sem compromisso com a outra pessoa envolvida (Deuteronômio 22: 13-20);


2) “Não praticar a impureza”. Esta regra está associado às proibições de: não ter relação sexual com animais, com pessoas do mesmo sexo, e com pessoas da sua própria parentela, e parentela do seu cônjuge (ex. tio, tia, mãe, pai, irmã, irmão, sogra, sogro) (Levíticos 18: 6-25). Fazendo um somatório, sem ter a pretensão de dar o valor exato de todas as regras listadas em Levítico 18: 6-26, é possível extrair mais de 20 mandamentos relacionados à imoralidade;


3) “Não praticar a lascívia”. É quando há a intenção de atrair sexualmente alguém fora do vínculo matrimonial no modo de falar, andar ou vestir. Toda pessoa que realiza este ato está envolvida no pecado de cobiça, sendo uma obra da carne proibida pela Torá (Êxodo 20:17);


4) “Não praticar a idolatria”. Esta regra é clara por si mesma, mas, por via de dúvidas, vale destacar que qualquer colocada acima da soberania divina é idolatria, tal como adorar pregadores, imagens de escultura, adorar o próprio ego, etc. (Deuteronômio 5: 7-9; Levíticos 19: 4);


5) “Não praticar a feitiçaria” (Levíticos 20: 27; Deuteronômio 18: 10-13);


6) “Não ser o causador de inimizades”. (Números 35: 20-22). Todo aquele que causa inimizade é como se estivesse matando outras pessoas, pois, em muitos casos, as partes envolvidas acabam assassinando um ao outro, e sabemos que o assassinato é proibido pela Torá (Êxodo 20: 13);


7) “Não se envolver com contendas (porfias)”. A porfia é o resultado de uma mente doentia, voltada à fofoca e calúnia, sendo o resultado da  mentira instalada em sua mente (Levíticos 19: 11). A pessoa com prazer em discussões tolas nunca se sentirá errada, e pior, não ficará satisfeita até causar a desordem;

 

8) “Não praticar o ciúme [doentio]”. O ciúme é um sentimento de insegurança, que faz com que determinada pessoa tente se igualar com outras. Também é um sentimento maldoso, que vê aquilo que seu cônjuge nem sequer chegou a praticar (Números 5: 11-31);


9) “Não se irar contra o seu próximo”. (Levítico 19:18). É a falta de controle emocional, que surge durante uma ofensa, dando origem ao ódio, mágoa e rancor. Por outro lado, a Torá ordena amar o próximo (Levíticos 19: 17);


10) “Não se envolver com a discórdia”. Trata-se de vontades conflitantes entre duas ou mais pessoas envolvidas (Deuteronômio 1: 12; Provérbios 27: 21; Jeremias 2: 29). 


11) “Não ser o causador de dissensões”. É o sentimento de rivalidade entre duas ou mais pessoas envolvidas. O sentimento de rivalidade é, em algumas circunstâncias, o originador de calúnias, pois, a pessoa insegura tentará desmoralizar seu rival. Isso mesmo, este sentimento é uma clara violação do mandamento “amar o teu próximo como a ti mesmo” (Levíticos 19: 18), bem como é a violação do mandamento registrado em Levíticos 19: 16; 


12) “Não se envolver com facções”. Essa norma tem a ver com “criar divisões” ou como diz o ditado popular “criar grupinhos” e/ou “panelinha”. Ou seja, está ligado à desunião dos irmãos, e isso, novamente, é uma violação ao mandamento do amor (Deuteronômio 6: 5; Levíticos 19: 18). Se você não ama seu próximo que consegue ver, não pode amar a D'us, pois nunca o viu pessoalmente (1 João 4: 20); 


13) “Não ser invejoso”. É o sentimento de querer ter aquilo que não lhe pertence. Este sentimento está associado ao pecado da cobiça (Êxodo 20: 7); 


14) “Não se tornar um alcoólatra”. Todos aqueles que prestam serviços ao ETERNO devem ser irrepreensíveis em tudo, para tanto, não podem ser dados ao alcoolismo (Levíticos 10: 9, vide também Isaías 5: 11). A embriaguez tem diversas consequências, tal como fazer a mente se esquecer dos mandamentos divinos, pervertendo assim a justiça (Provérbios 31: 4-5; Isaías 28:7);


15) “Não participar de orgias e coisas semelhantes a estas”. A orgia está associada à prostituição, imoralidade, adultério, etc. Os habitantes de Sodoma e Gomorra foram destruídos por praticar estas coisas (Gênesis 13: 13; 19: 24-29). 


Consideremos o seguinte: em outras versões bíblicas existem as seguintes declarações “não praticar o  homicídio” e também “não praticar a fornicação”. Pois bem! Iremos agregar estas duas regras na lista de Paulo: Não praticar a fornicação; e Não praticar o homicídio. 



16) “Não ser homicida”. A sagrada escritura condena aqueles que têm a intenção de matar a outra pessoa, mas prevê um meio de refúgio para aqueles que feriram o seu próximo sem ter nenhuma intenção.” (Números 35: 15-34). Nas palavras de Paulo, o homicida que ficará de fora do Reino é aquele que teve a intenção de assassinar;


17) “Não praticar a fornicação”. Trata-se da relação conjugal fora do vínculo matrimonial, ou seja, é o sexo sem compromisso (Levíticos 19: 29; Deuteronômio 22: 13-21).


Em suma, por meio dessas informações podemos notar que o apóstolo Paulo era um exímio conhecedor da Torá, e afirmou que os transgressores não herdarão o mundo vindouro; pois, violar os mandamentos da Torá é o equivalente a se apegar às obras da carne, e quem está na carne não pode agradar a D'us (Romanos 8:6-8). Daí, aprendemos que quem praticar as obras da carne estará em desacordo com a Torá, mas quem praticar as obras do Espírito será amigo da Torá, razão pela qual foi escrito: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." (Gálatas 5:22-23). 


Isso mesmo, a Torá não é contra os frutos do Espírito, pois eles são resultados de obediência à Torá, ministrada no coração humano por iluminação divina (Ezequiel 36:26-27). 



Seja iluminado!!!





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