Por: Cleiton Gomes
Existem pessoas afirmando que o capítulo dois de Efésios endossa a ideia de que o Messias aniquilou os mandamentos da Torá durante a sua morte e ressurreição. Não obstante, isso é mentira já que o próprio Yeshua afirmou ser mais fácil os céus e a terra serem destruídos que a menor letra da Torá (Mat.5:17; Luc.16:17). Isso significa que devemos interpretar as palavras deste pregador de outra maneira; aliás, ele mesmo afirmou não ser inimigo da Torá (Atos 24:13-14).
Façamos a leitura do trecho bíblico:
"Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com D'us em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele anunciou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito." (Efésios 2:14-18)
Podemos interpretar as palavras deste apóstolo de duas maneiras. A uma, ele se referia à regra rabínica que proibia o gentio natural de avançar para o santuário do Templo de Jerusalém, pois, existia um muro medindo 1,40 metros de altura no "pátio dos gentios", estando escrito em treze placas, advertências para os gentios não avançarem dali sob pena de morte. Quem nos informa isso é o historiador Flávio Josefo (cf. Guerras 5.5.2).
Além disso, a palavra em grego e aramaico para "parede" também pode fazer alusão a esta regra rabínica, pois, segundo o professor nazareno, Tsadok Ben Derech, a expressão "muro", "cerca" e "parede", era um termo técnico utilizado entre os professores da Torá no primeiro século (Fonte: Judaísmo Nazareno: O Caminho de Yeshua e de seus Talmidim, 3ª edição, 2017, página 141). A título de curiosidade, eis a palavra grega: "δογμα" (dogma – Strong: G1318), que se refere a decretos feito por mãos humanas. Na peshitta em aramaico temos a expressão "ܣܝܳܓ݂ܳܐ" (səyāgā/ syaga), que significa "cerca, muro, barreira ou divisória". A pena para o gentio era severa e até mesmo Paulo foi acusado de ser transgressor desta regra, ao suporem que ele permitiu um gentio entrar no santuário do Templo (Atos 21:28-32).
Daí, nessa interpretação aqui, Paulo explicava que todos os que creem em Yeshua são aceitos sem distinção em função da sua árvore genealógica (não há acepção de pessoas). Israelitas e gentios naturais poderiam se aproximar do ETERNO em qualquer lugar que estivessem habitando, bastando afastar-se do pecado e buscar ao Santíssimo em espírito e em verdade (João 4:21-24). E ainda que o Templo não tivesse sido destruído como bem profetizou Yeshua, os apóstolos já entendiam que aquela parede física de separação não tinha mais o mesmo peso de antes, porque eles não estavam mais sujeitos àquela regra após a morte do Messias. Quando Yeshua derramou o seu sangue no madeiro, derrubou a ideia proposta na parede de separação!
Para finalizar, a segunda forma de entender as palavras de Paulo também é simples. Basta saber que o pecado causa separação entre o homem e o ETERNO (Isaías 59:2), e sabemos que os sacerdotes escreviam em um livro a sentença de maldição contra os pecados cometidos contra o ETERNO (Núm. 5:23). Desse modo, os pecadores ficavam em dívida para com o Santíssimo; disso resulta que se o pecado é uma divisória (uma parede de separação) e as transgressões eram escritas em um livro pelo sacerdote, então este foi o "escrito de dívida" anulado pelo Messias durante a sua morte no madeiro (Col. 2:13-14). É exatamente isso que você está pensando, Yeshua não aboliu a Torá e sim concede perdão aos transgressores que se voltam ao ETERNO em arrependimento! (Atos 3:19). O escrito de dívida anulado era a sentença de julgamento contra os pecadores!
Seja iluminado!!!
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