Por: Cleiton Gomes
Muitas pessoas entendem que o novo testamento se refere aos escritos dos apóstolos, afinal, há uma página que divide a bíblia e a chama de "novo testamento". Não obstante, o novo testamento é uma ideia que foi criada antes mesmo de os apóstolos existirem.
A ideia de um novo testamento existe desde os tempos de Moisés e dos profetas. Aliás, muitos profetas já haviam falado sobre o que seria a nova aliança. Por exemplo, o profeta Jeremias já havia declarado que a nova aliança seria firmada primeiramente com a Casa de Israel e com a Casa de Judá, ou seja, com as 12 tribos de Israel (cf. Jeremias 31: 31-33). No escrito dos apóstolos iremos encontrar este mesmo ensinamento de Jeremias, por exemplo, de forma bem explícita vemos isso no livro de Hebreus 8: 8-11.
Os discípulos também disseram que a nova aliança foi estendida aos gentios (cf. Atos 15: 14), e a pergunta a ser feita é: onde na Torá existe o ensinamento de que a nova aliança seria estendida aos gentios?
A resposta é simples e objetiva: Ainda no tempo de Moisés foi dito que haveria uma aliança que seria estendida aos gentios, confira:
"Os vossos meninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que está no meio do vosso arraial; desde o rachador da vossa lenha até ao tirador da vossa água; Para entrardes na aliança do Senhor teu D'us, e no seu juramento que o Senhor teu D'us hoje faz convosco;
Para que hoje te confirme por seu povo, e ele te seja por D'us, como te tem dito, e como jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.
E não somente convosco faço esta aliança e este juramento; Mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso D'us, e com aquele que hoje não está aqui conosco. Porque vós sabeis como habitamos na terra do Egito, e como passamos pelo meio das nações pelas quais passaste." (Deuteronômio 29:11-16).
Muitos podem pensar que este texto de Deuteronômio não se refere à mesma aliança do tempo dos apóstolos. Mas para a surpresa dos que pensam assim, estamos felizes em dizer que este texto fala sim da nova aliança. Aliás, o capítulo 29 e o capítulo 30 de Deuteronômio falam sobre os termos (cláusulas) desta aliança em questão. O próprio Yeshua citou o texto de Deuteronômio 30: 16-19 ao falar sobre os dois caminhos, um que leva à vida eterna e outro que leva à morte (cf. Mateus 7:13).
O apóstolo Paulo também lecionou que Yeshua é o agente que nos conecta à obediência à Torá, dizendo que aquele que segue o exemplo de vida do Mestre (que se torna um autêntico imitador), se torna uma pessoa capaz de praticar os mandamentos da Torá de forma espontânea e voluntária (Romanos 10: 6-10). Este ensinamento do apóstolo foi retirado do texto de Deuteronômio 30: 11-15. De igual maneira, o apóstolo João lecionou que todos aqueles que servem a Yeshua estão em total conexão com a Torá, bem como disse que aqueles que não estão conectados à ela através de Yeshua, são considerados filhos do Diabo e que não podem ser considerados amigos ou imitadores do Messias (cf. I João 3: 4-10).
Os apóstolos ensinaram que a Torá seria colocada dentro do coração do ser humano, para que ele (o ser humano) pudesse pudesse fazer o bem de forma voluntária, para que o pecado não mais fizesse parte do seu modo de viver (cf. Hebreus 8: 8-11; II Coríntios 3:2-3). Esse método de entender a Torá dentro do coração humano também é chamado de "Torá do espírito" (lei do espírito), pois, é o próprio Espírito do ETERNO que ministra o conhecimento da Torá dentro da mente humana.
O ensinamento de que a Torá seria colocada dentro do coração humano faz parte do ensinamento de Jeremias (cf. Jeremias 31: 31-33). De igual modo, a ideia de que o Espírito do ETERNO ministraria a Torá dentro da mente humana ("coração") faz parte do ensinamento dos profetas. Eis o que ensinou o profeta Ezequiel:
"E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis." (Ezequiel 36:26-27).
O ensinamento bíblico é claro: Para existir uma nova aliança não é necessário abolir ou destruir a Torá, e sim somente transferi-la das tábuas de pedra para as tábuas da mente humana. Antes, a Torá estava fora do coração humano e era ministrada de fora para dentro porque estava em tábuas de pedra. Isso explica porque o ser humano falhava muitas vezes em sua obediência. No entanto, agora a Torá está sendo transferida para dentro da mente humana e ela está destruindo a má inclinação causada pelo pecado existente dentro dele. Agora, com a Torá dentro da mente humana e sendo ministrada pelo Espírito do ETERNO, o ser humano passa a realizar o bem de forma espontânea e voluntária, passando a fluir de dentro de si os frutos do espírito que antes não podia realizar porque estava manchado pelo pecado.
Ainda que a Torá esteja sendo transferida para a mente humana atualmente, os humanos em si ainda não obtiveram um grau de perfeição total. A perfeição que se encontra no ser humano que serve o ETERNO ainda é parcial. Somente haverá uma perfeição total no ser humano quando Yeshua transformar o corpo de todos os eleitos, do corruptível para o incorruptível. E assim uma nova cláusula da nova aliança será completada, a que diz que "o coração do ser humano será circuncidado" (cf. Deut. 30: 6). Somente quando os humanos infiéis forem destruídos e os fiéis forem transformados é que esta cláusula será consumada. Isso significa que o pecado vai deixar de existir, assim como toda e qualquer maldade. É por isso que o reino vindouro será um reino de paz e sem mortes!
Enfim, até aqui pudemos aprender que a nova aliança se refere a um tempo profético que fala sobre a redenção dos seres humanos que se manterem fiéis à palavra do ETERNO. A nova aliança contém cláusulas proféticas que estão sendo consumadas ao longo dos séculos, muitas já se cumpriram na primeira vinda do Messias e as outras cláusulas serão consumadas quando ele retornar para cá novamente. Aprendemos, também, que a nova aliança já existia antes mesmo do nascimento dos apóstolos, e que a nova aliança não é em si aquilo que os apóstolos escreveram. Em outras palavras, o novo testamento não é em si os 27 livros escritos pelos emissários de Yeshua.
O novo testamento ou nova aliança, é um documento divino que contém termos, cláusulas. Existem etapas a serem realizadas para que a nova aliança seja definitivamente firmada. Muitos pensam que a nova aliança já está totalmente concretizada, mas a verdade é que apenas alguns dos termos existentes nela é que foram consumados. Isso significa que a nova aliança já começou, mas ainda não está finalizada. Somente estará definitivamente terminada quando Yeshua retornar para reagrupar os eleitos que estão espalhados pelos quatro cantos da terra, e levá-los para a terra que foi prometida aos patriarcas.
De fato, reagrupar os eleitos dos lugares em que estão espalhados na terra é um dos termos da nova aliança, que está descrito em Deuteronômio 30: 3-5. Atualmente os eleitos ainda não foram reagrupados, deixando evidente que a nova aliança ainda não está terminada. O outro termo da nova aliança é que os eleitos devem ser levados para a terra que foi prometida aos patriarcas, e isso acontecerá durante o agrupamento que ainda não aconteceu. Esse reagrupamento deve acontecer no retorno do Messias, quando ele retornar sobre as nuvens dos céus (cf. I Tessalo. 4: 17).
É isso mesmo que você está pensando. O reagrupamento que estamos falando se trata daquilo que é conhecido como "arrebatamento". O arrebatamento nada mais é que o Messias levando os eleitos para morar na terra prometida aos patriarcas, que não será nos céus e sim aqui na própria terra. É tão verdade que a própria cidade celestial descerá dos céus para ser habitada aqui na terra, pois, de acordo com o ensinamento bíblico: "A terra é a morada dos eleitos" (cf. Salmos 37: 9-11; Mateus 5: 5).
E toda aquela história de que somos cidadãos prometidos para a cidade celestial? Ora, o próprio livro de Apocalipse nos revela que a cidade celestial vai descer dos céus para ser habitada aqui na terra pelos eleitos (cf. Apocalipse 3: 12; 21: 12). Então, não há nada de errado em dizer que somos cidadãos da cidade celestial, bem como não há nada de errado em dizer que passaremos a eternidade ao lado de Yeshua, já que ele também descerá para morar na terra. No entanto, erram aqueles que pensam que iremos morar nos céus.
Tudo isso nos mostra que o arrebatamento não é um evento onde seremos deslocados da terra para um outro mundo chamado "céus". E sim, é um evento onde seremos deslocados de um lugar para outro aqui na própria terra, um local específico escolhido pelo Messias. Na verdade, é profético a ideia de que a terra prometida aos seguidores de Yeshua é a mesma que foi prometida aos patriarcas no passado. Se refere à terra que "mana leite e mel", ou seja, a terra de Israel.
Muitas coisas ainda poderiam ser ditas aqui, mas não pretendemos criar enfado no leitor ao escrever um texto tão longo. Esperamos a compreensão de todos…
Seja iluminado!!!
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