Por: Cleiton Gomes
Parte 2 – FIM
3) O reagrupamento ou restauração
Já dissemos que a Casa de Israel recebeu carta de divórcio do ETERNO, e após o divórcio ela se casou com “os deuses do mundo". Mas, o ETERNO declarou querer reatar a aliança com essa casa, porém, a regra da Torá dizia não ser possível aquela “mulher” retornar para o seu primeiro marido, pois seria vergonhoso para ele. Além disso, se ela ainda estivesse casada com seu segundo marido, não poderia retornar ao primeiro marido. (Deut. 24:4). Logo, para haver outro casamento entre as duas partes envolvidas, ambos deveriam morrer e ressuscitar.
A Casa de Israel precisaria morrer para ficar livre da lei do casamento, e o ETERNO também deveria morrer de algum modo, para que, através da ressurreição pudesse ser conhecido como “novo homem", para poder se casar com a Casa de Israel novamente. É por isso que Paulo fala sobre a lei do casamento em Romanos, capítulo 7. Mas, como podemos saber que o conteúdo desta carta está falando sobre a restauração das duas casas de Israel? Basta conferir o capítulo 11 de Romanos. Combine a leitura deste capítulo de Romanos com os textos de Ezequiel 37: 1-23. Falar sobre a restauração das duas casas era o conteúdo principal do ensino de Paulo (Atos 26:4-7).
Paulo explica que a Casa de Israel precisava morrer para conseguir fazer uma nova aliança com o ETERNO, de maneira que as águas do batismo são símbolos do novo nascimento e também de aceitar os termos da nova aliança. A morte, sepultamento e ressurreição estão simbolizados no batismo nas águas (Romanos 6: 3-7). Então, quando alguém aceita o sacrifício expiatório de Yeshua, se arrepende sinceramente dos pecados que cometeu e os abandona para sempre, e passa pela imersão nas águas; a pessoa que passar por esse processo estará fazendo uma nova aliança com o ETERNO.
Foi dito que o ETERNO deveria morrer de algum modo, para se casar com a Casa de Israel. Ele não poderia mandar um representante em seu lugar, pois ele foi o primeiro marido dela antes do divórcio, e alegou que ele seria o marido dela novamente (Isaías 54: 5; Jeremias 3: 14). É por isso que ele criou um corpo humano, nascido de carne, para que através da morte deste corpo os termos prescritos na Torá fossem cumpridos, ou seja, a morte do primeiro marido. É por isso que Yeshua, sendo uma dentre as várias manifestações do ETERNO, morreu e ressuscitou.
É estranho afirmar que o ser imortal poderia morrer, não é? Pois bem! Ele não poderia morrer em sua forma espiritual, mas uma morte em termos físicos poderia acontecer, já que a morte em termos físicos é a ausência do espírito no corpo humano. Portanto, "a morte do ETERNO em termos físicos, foi ele ausentado o Seu Espírito daquele corpo de carne", assim sendo, quem morreu foi o corpo humano e não o Espírito. Esta é a razão de ser dito que “D'us estava em cristo fazendo reconciliação” (2 Coríntios 5:19), e que “mataram o Senhor da glória” (1 Coríntios 2:8 combinado com Salmos 24: 7-10). Ele retirou o seu Espírito de dentro daquele corpo de carne, para que enfim a carne viesse à morte, portanto, o Espírito continuou vivo e a existência dos mundos não entrou em colapso.
Assim, quando ele "morre", sua antiga aliança com a Casa de Judá também foi desfeita, de maneira que ela ficou sem marido. Este foi o estágio atual durante a morte de Yeshua: “as duas Casas de Israel não tinham mais nenhum vínculo matrimonial com o ETERNO”. Por isso que, atualmente, tanto os Efraimitas (Casa de Israel) quanto os da Casa de Judá devem aceitar o sacrifício expiatório do Messias, passando pela imersão nas águas. Caso este processo não seja realizado, eles não serão contados como “filhos”, de fato, somente são considerados filhos aqueles que aceitam Yeshua como agente de redenção (João 1:12). Daí, podemos entender a razão de ter sido dito que “ninguém deveria se gloriar por ser descendente de Abraão” (Mateus 3: 9-10), pois, atualmente não é porque alguém descende de Abraão que seu direito de vida eterna está garantido.
Vale registrar que a prioridade da nova aliança deveria ser com a Casa de Judá e com a Casa de Israel (Jeremias 31: 31-37 combinado com Hebreus 8: 8-11). Esta é a razão de a mensagem de restauração ter começado primeiro em Jerusalém e depois ter sido estendida aos confins da terra. Foi para que os membros de cada uma dessas tribos de Israel pudessem completar os primeiros termos da nova aliança: “primeiro com a casa de Judá e com a Casa de Israel”. Quando os primeiros termos fossem atendidos, seria chegado a hora de estender as boas novas para os gentios naturais.
Lembre-se, a prioridade era estabelecer a nova aliança com os integrantes das duas casas, e isso foi realizado ainda nos tempos dos apóstolos quando os primeiros integrantes de cada uma das tribos aceitaram Yeshua como agente de redenção, tanto é que Paulo declarou que “havia pregado o evangelho a todos" (Col. 1:23). Mas a nova aliança não é exclusiva aos israelitas de carne e sangue, pois ela também é disponibilizada para os gentios naturais (Deut. 29: 14-15). Prioridade sim, e não exclusividade.
Continuando. O assunto sobre as duas casas de Israel está espalhado por todo o ensinamento dos discípulos de Yeshua. Por exemplo, o episódio dos 10 leprosos é uma menção à Casa de Israel (as 10 tribos que ficaram no Reino do Norte). Ali mostra que apenas um leproso voltou para agradecer, significando que haverá remanescentes das tribos perdidas (Lucas 17: 11-19). Além desse episódio, a parábola das 10 virgens também é uma menção às tribos perdidas, mostrando que haverá remanescentes, que estarão preparados espiritualmente para o retorno do noivo, enquanto outros estarão com as lâmpadas apagadas, significando que não estão preparados (Mateus 25:1-12). E além desses exemplos, Yeshua afirmou ter "ovelhas em outro lugar fora de Jerusalém”, sendo justamente as ovelhas perdidas da casa de Israel (João 10:1-16 combinado com Jeremias 23:3-6; 50:17, e também: Miquéias 2:12-13 e Ezequiel 34:12-14).
A passagem da mulher do fluxo de sangue também é uma alusão à restauração das tribos perdidas, porque a profecia diz que o Messias iria buscar o que se havia perdido, e muitos tocariam na orla da veste de um judeu; e sabemos que Yeshua era da tribo de Judá, sendo um judeu legítimo (Zacarias 8:22-23 combinado com Mateus 9:20-22). Por fim, a história da ovelha perdida, do Dracma perdido e do filho perdido ("pródigo"), falam sobre a Casa de Israel, que ficou perdida e será encontrada, e seus irmãos ("a casa de Judá") deverá se alegrar com o retorno dele, porque foi reencontrado (Lucas 15: 1-32). Essa é a mesma mensagem dos profetas, que disseram que o ódio das duas casas de Israel teria fim (Isaías 11: 11-14). Sem falar que o Messias morreu em meio a duas pessoas penduradas em estacas de madeira. Ali também é uma forma implícita de falar que o Messias é a emenda, que iria restaurar as duas Casas de Israel, tal como é descrita no livro de Ezequiel, capítulo 37.
A restauração das duas casas começou na época de Yeshua e de seus discípulos, contudo, a completa restauração somente acontecerá no futuro, porque ainda restam cláusulas proféticas da nova aliança para serem completadas. As cláusulas proféticas são as seguintes:
1 cláusula: “a nova aliança deve começar com as 12 tribos de Israel (Jeremias 31:31-33)”. Esta cláusula foi cumprida parcialmente na primeira vinda de Yeshua, pois, ainda restam israelitas dispersos pelas nações que ainda não aceitaram o sacrifício expiatório do Messias;
2 cláusula: "após o primeiro termo ser cumprido, a aliança deve ser estendida aos gentios naturais (Deut. 29:14-15)”. Tal cláusula também foi cumprida na época de Yeshua, mas ainda nos dias de hoje, podemos perceber que existem gentios naturais aceitando Yeshua como seu agente de redenção;
3 cláusula: “os remanescentes das tribos perdidas deverão ser levados para a terra de Israel através do rei Messias (Deut. 30: 4-5)”. Tal cláusula somente será consumada no retorno de Yeshua, pois, assim que estiver retornando, mandará seus anjos para juntar todos os remanescentes (os eleitos) para que, juntos, possam ir para a terra prometida. E onde fica essa terra prometida, nos céus ou na terra?
Resposta objetiva: a morada dos eleitos será na terra, no lugar que foi prometido aos patriarcas. O arrebatamento é, na realidade, o reagrupamento das tribos dispersas pelas nações, bastando comparar o ensino em Deut. 30:3-6 com Mateus 24: 29-31. Também é proveitoso ler Ezequiel 37: 16,21, 25; Zacarias 8: 22-23, e também, Neemias 1:9.
É isso mesmo que você está pensando, a terra prometida pelo ETERNO é o território de Israel. Esse é o significado da visão que Jacó, quando estava a caminho das terras de seu tio Labão. Ele viu anjos subindo e descendo em uma escada, e após o sonho foi dito que a terra que ele estava deitado era a terra prometida (Gênesis 28: 12-14 combinado com João 1:51). O arrebatamento não é o Messias levando as pessoas para morar nos céus, mas reagrupando seus eleitos para morar na terra prometida, Israel. Leia também, Apocalipse 7, onde é falado que os remanescentes das 12 tribos de Israel serão selados.
Quando o Messias estiver retornando ele virá sobre as nuvens dos céus. Os eleitos serão primeiramente agrupados nas nuvens, depois serão levados para a terra prometida. Foi isso que o apóstolo Paulo nos ensinou, que iremos encontrar o Messias nos ares (1 Tessa. 4:16-17). E a cidade celestial? Também descerá dos céus (Apocalipse 3:12), porque a morada dos eleitos será na terra (Salmos 37: 11,22,29 combinado com Mateus 5:5). Moraremos na cidade celestial que virá para a terra.
4 cláusula: “o coração dos eleitos será circuncidado definitivamente pelo ETERNO (Deut. 30: 6)”. Tal cláusula começou a ter efeitos ainda na época de Yeshua, mas somente terá um efeito definitivo no futuro, época em que o Messias transformará o corpo dos eleitos do corruptível para o incorruptível (1 Coríntios 15: 52-57);
5 cláusula: “o pecado deixará de existir, e um reinado de paz surgirá (Deut. 30: 6)” A circuncisão completa no coração humano ("na mente humana") , significa arrancar de dentro do homem a inclinação para o mal e fazer com que ele siga os mandamentos do ETERNO de forma espontânea e voluntária, sem a necessidade de receber uma ordem (Ezequiel 36: 26-27). Quer dizer que todos os eleitos nunca mais irão sentir o desejo de praticar o pecado (“não irão mais violar as regras da Torá”). E assim o pecado e o pecador deixarão de existir, passando a existir apenas um reinado de paz. Esta cláusula somente será consumada após o reagrupamento de todos os eleitos, que ainda estão espalhados por toda a terra.
Em suma, muitos poderão dizer que a completa restauração de Israel aconteceu quando Israel retornou a ser um estado independente no ano 1948 d.C., porém, a verdade é que nem todas as tribos de Israel retornaram para aquele local, existindo muitos que ainda estão dispersos pelas nações. Portanto, quando Israel retornou a ser um Estado Independente, não significou dizer que aconteceu a completa restauração prometida tal como é prevista pela Escritura. Afinal, a sagrada escritura diz que o pecado deixará de existir e existirá um reinado de paz, e sabemos que atualmente ainda existe o pecado, o pecador, e o reinado de paz ainda não iniciou. Somente quando todas as cláusulas da nova aliança forem completadas é que teremos a certeza de afirmar que aconteceu a completa restauração das duas casas de Israel!
Seja iluminado!!!
2 Comentários
Meus parabéns pelo o estudo. Que Deus continue te abençoando. AMEI !!!!
ResponderExcluirObrigado pelo apoio, querido(a). Continue navegando no site para descobrir mais coisas importantes.
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