Por: Cleiton Gomes
A palavra jejuar significa "renunciar" ou "abstinência de alimentos", literalmente. Trata-se de um período de tempo em que a pessoa fica sem comer e sem beber absolutamente nada (Jonas 3:5-7; Ester 4:16) para que possa experimentar uma melhor comunhão com o ETERNO. Embora muitos não consigam ver o lado espiritual da prática do jejum, vendo ela apenas como uma total besteira judaizante, essa prática em si foi bastante utilizada durante o desenrolar da história bíblica.
Personagens que marcaram a história bíblica hora ou outra acabaram praticando o jejum. Por exemplo, Daniel praticou o jejum conforme veremos abaixo. Antes de fazer a leitura do trecho bíblico, entenda esse breve resumo: "quando nos abstemos de comida e bebida por um período de tempo", nossa carne começa a desejar as coisas materiais. Nesse momento podemos enxergar o quanto somos dependentes das coisas que foram criadas pelo ETERNO, conseguimos sentir que não somos nada a provisão dele. Daí alguém poderia dizer: "ah, mas eu já reconheço minha pequenez sem precisar fazer jejum". Todos que pensam assim são pessoas ególatras, que não conseguem tirar um tempo para se consagrar ao ETERNO por pensar que somente o seu conhecimento sobre determinada coisa já é o suficiente. São pessoas cheias de si, orgulhosas.
A oração feita por Daniel apresenta aquilo que devemos fazer quando estivermos fazendo jejum e oração. Ah, o jejum e a oração complementam um ao outro, são duas práticas que intensificam o nosso relacionamento com o Divino. Devemos subjugar a nossa carne e proclamar a nossa total dependência ao ETERNO. Devemos jejuar e orar, suplicando ao ETERNO que perdoe as ofensas que cometemos contra ele diariamente. Devemos confessar as nossas falhas, com choro e gemido, para que ele possa nos fortalecer contra todo o mau e sarar as nossas feridas. Jejuar e orar é jogar fora todo sentimento de orgulho e autossuficiência de dentro do nosso coração. Agora leitor, eis o exemplo de uma oração tremenda feita por Daniel:
"... eu dirigi o meu rosto Adonai, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. E orei a Adonai, e confessei, e disse: Ah! Adonai! Grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra.
A ti, ó Adonai, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti. Ó Adonai, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti. A Adonai, nosso Elohim, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, E não obedecemos à voz de Adonai, nosso Elohim, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Adonai, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele.
E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito em Jerusalém. Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face de Adonai nosso Elohim, para nos convertermos das nossas iniqüidades, e para nos aplicarmos à tua verdade.
Por isso Adonai vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Adonai, nosso Elohim, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz. Agora, pois, ó Adonai, nosso Elohim, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido impiamente.
Ó Adonai, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós. Agora, pois, ó Adonai nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor.
Inclina, ó Adonai meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Ó Adonai, ouve; ó Adonai, perdoa; ó Adonai, atende-nos e age sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Adonai meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome…”(Daniel 9:2-20).
É assim que devemos buscar a face do Altíssimo. Devemos buscar ele como uma verdadeira e genuína intenção do coração, com muita responsabilidade e não com desleixo. E fora esse exemplo de Daniel, também tem a história de Moisés que passou quarenta dias e quarenta noites sem comer e sem beber nada (Êxodo 34:28), ele passou todo esse tempo diante da presença do ETERNO. E quando ele desceu de lá, no seu rosto resplandecia a glória do ETERNO, de modo que as pessoas não conseguiam olhar com firmeza no rosto de Moisés. Isso mostra que Moisés desceu do monte sendo um exemplo puro de completa santidade, alguém que tinha muita credibilidade diante do Altíssimo.
E fora esse exemplo, temos também a história de Yeshua (Lucas 4; Mateus 4), que passou quarenta dias e quarenta noites sem comer e sem beber absolutamente nada, episódio em que O Diabo apareceu para lhe tentar com comida. Naquele episódio, o Messias demonstrou total responsabilidade com os dias de seu jejum. Portanto, aqueles que determinam a quantidade de dias que irão fazer o jejum, devem passar todo aquele tempo sem comer e sem beber água, pois se a pessoa beber água, sua consagração se tornou nula, pois a pessoa foi irresponsável e não respeitou a quantidade de dias que ele mesmo determinou para jejuar.
O episódio de Yeshua no deserto também nos mostra que aqueles dias de consagração são capazes de nos fortalecer contra as ofertas tentadoras do Diabo. Naquele momento ocorreu uma verdadeira batalha espiritual, da carne contra o Espírito. Mas o Messias ensinou que o Espírito pode subjugar os desejos da carne se a pessoa tiver responsabilidade durante o compromisso assumido com o ETERNO.
Também podemos aprender que quando a oferta tentadora vem, o desejo enganoso do coração começa pulsar mais forte querendo se realizar com aquela oferta. E veja que todas as vezes que o jejum foi realizado, os ensinos da Torá estavam sempre no meio. No caso aqui de Yeshua, ele usou os ensinos da Torá para contrariar as ofertas do inimigo. É já que o nosso coração é enganoso, podemos aplicar a disciplina da Torá dentro dele para nos deixar sábios, para saber combater as ofertas do maligno. Isso quer dizer que o estudo das Escrituras também é essencial durante os dias em que você estiver fazendo jejum. Assim sendo, a oração, o jejum e o estudo da Palavra de Elohim são três ferramentas essenciais que nos fazem ficar mais próximos da vontade do ETERNO.
O próprio Messias nos aconselha a praticar o jejum, mas que seja feito de forma responsável e com a intenção de agradar somente o ETERNO. Isso quer dizer que não devemos sair dizendo aos outros "hoje estou fazendo jejum porque quero ser mais santo", pois muitas pessoas não se importam verdadeiramente contigo e irão tentar colocar dúvidas na sua cabeça a ponto de tentar fazer você desistir do seu objetivo. É por isso que o Messias aconselha a jejuar em secreto (Mateus 6: 17-18).
Para ter sucesso na vida, aprenda a falar menos dos seus projetos com outras pessoas, isso dará uma pureza especial para essa nossa ação. Uma das maiores demonstração de nossa fé é quando fazemos coisas como essa aqui de forma anônima. É como se você estivesse dizendo para si mesmo "Eu sei que o ETERNO está me observando, e ninguém além dele precisar saber o que eu estou fazendo." Toda nossa motivação de fazer jejum deve ter a exclusividade de agradar somente o ETERNO, de modo que devemos procurá-lo em espírito de humildade e não como se estivéssemos buscando fama diante dos homens. Não devemos fazer isso para ganhar mais respeito e admiração dos homens, mas sim com o propósito exclusivo de permanecer conectados à bondade do Divino.
O apóstolo Paulo também ensina aos casais que, nos dias de jejum, é aconselhável permanecer alguns dias sem praticar atos sexuais (1ª Coríntios 7: 5). Ao fazer o jejum, o esposo e a esposa devem estar em pleno acordo. O homem não pode fazer jejum sem antes avisar a sua esposa e vice-versa. Pois caso o homem faça o jejum sem antes comunicar a sua esposa e depois ela o procurar para fazer amor, ele vai dizer que não pode dar prazer a ela naquele momento porque está fazendo jejum, e ela irá permanecer sentido desejo por muitos dias. Nesse caso aqui haverá um constrangimento tanto para o homem quanto para a mulher. Quer fazer bonito? Chame sua esposa pra fazer jejum com você durante alguns dias. Faça esse propósito sempre juntos. Estabeleçam sempre a mesma quantidade de dias para fazer o jejum, pois assim o homem e a mulher estarão cientes de sua responsabilidade de não quebrar os seus dias de jejum.
Além de tudo isso que já foi demonstrado, o jejum, a oração, e o entendimento da palavra, são ferramentas que nos permitem ter autoridade da parte do ETERNO. Fazendo tudo, estaremos demonstrando a nossa fidelidade ("nossa fé") ao ETERNO. Estando em comunhão absoluta com o Divino, recebemos autoridade para expulsar demônios da vida das pessoas que estão sendo atormentadas (Mateus 17: 14-21; Marcos 9:17-29). Sem essas ferramentas, os demônios podem zombar e humilhar você em público. Eles podem te humilhar pelo fato de você estar tentando exercer uma autoridade que você não possui, uma autoridade que você quer exercer por se achar autossuficiente e que não precisa se preparar para enfrentar essa batalha espiritual (vide, Atos 9: 13-17).
Em suma, que nós não venhamos ter essa atitude de tolos de tentar entrar numa guerra espiritual totalmente despreparados. Que possamos nos preparar com a palavra, com a oração, com o jejum, e com nosso coração circuncidado para a verdade. Todas essas ferramentas nos tornaram pessoas elevadas espiritualmente, seremos luz no meio das trevas. Temos a garantia de que, se buscarmos o ETERNO de todo o nosso coração, iremos encontrá-lo:
"E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz Adonai, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz Adonai, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei." (Jeremias 29:13-14).
Seja iluminado!!!
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