Por: Carlos Alan & Cleiton Gomes
De acordo com a literatura rabínica o Messias é chamado de "leproso", confira:
"A propósito do Messias, a Gemara pergunta: Qual é o seu nome? A escola do Rabino Sheila diz: Shiloh é o seu nome, como está escrito: “Até quando Shiloh vier” (Gênesis 49:10) [...] os rabinos dizem: O leproso da casa do Rabino Yehuda HaNasi é seu nome, como está escrito: “Na verdade ele carregou nossas doenças e suportou nossas dores; todavia, o consideramos ferido, ferido por D'us e aflito” (Isaías 53: 4). (Talmud, Sanhedrin 98b).
Podemos notar que o Messias é alguém que carrega "uma doença", mas essa doença não é dele mesmo. Na leitura de Isaías 53 iremos aprender que a doença que o Messias carrega não é dele mesmo, pois a doença que ele carrega "é a doença do povo dele".
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Em Mateus 8:2-4 vemos que Yeshua curou um "leproso" e logo depois mandou ele ir diretamente aos sacerdotes. É importante ressaltar que a lepra, ou melhor, a Tzaraat, ela não era uma doença exclusivamente da pele, pois ele podia atingir objetos também. Ela era colocada nos seres humanos diretamente pelo ETERNO como sendo uma punição pelos pecados cometidos por eles. Ao fazer isso, o ETERNO estava mostrando que aquela pessoa estava em pecado e que ela precisava urgentemente de arrependimento. Somente quando a pessoa se convertia genuinamente é que aquela doença era removida. E o fato de não ter mais a doença já indicava que a pessoa estava desfrutando de um verdadeiro relacionamento com o ETERNO.
A pessoa deveria abandonar o seu pecado para poder ser curada daquela doença. Essa doença não poderia ser curada por médicos e outro tipo de curandeiros, pois ela é uma doença espiritual. Por essa razão as pessoas não procuravam os médicos e sim os sacerdotes (Levítico 13: 1-17), e foi por isso que Yeshua mandou aquela pessoa ir até os sacerdotes. Ele mandou não para ser curada pelos sacerdotes, pois aquela pessoa já havia sido curada. Aquele homem deveria ir aos sacerdotes para mostrar que o ETERNO havia agido sobre a sua vida e agora ele estava ali para fazer a oferta ao ETERNO, para dar testemunho da sua cura conforme prescreve a Torá.
E mais: de acordo com as pesquisas realizadas pelo messiânico Maorel Melo, essa doença era constantemente colocada sobre as pessoas que cometiam os pecados da língua (lashon hará). Ele comenta que muitos jovens zombaram do profeta Eliseu quando o viram "careca", talvez pensando que ele estava com Tzaraat. E em resposta a esse pecado da língua eles foram punidos quando as ursas lhes devoraram (2 Reis 2:23-24). Eis o que ele escreveu:
“O motivo de tal ofensa se deu pelo fato de que a Tzaraat, de acordo com os nossos sábios, é um castigo com o qual o Eterno, bendito seja o seu nome, aflige às pessoas que difamam a inocentes, praticando às escondida o que se conhece como um dos aspectos da Lashon Hará - a língua perversa - que visa difamar alguém a fim de fazer o difamado perder o crédito na sociedade e ser excluído pela rejeição dos demais do seu meio social. Como o difamador, ardilosamente fez isso às ocultas, discretamente, geralmente ele se passa por inocente e dificilmente lhe é imputado culpa, pois, ninguém há que testemunhe contra ele, ele é um pecador contumaz que se apresenta como alguém de virtude, alguém de valor e por isso mesmo não raro consegue atingir os seus objetivos.
(...)
“... Quando os jovens disseram para Elishá: "Sobe Calvo, sobe Calvo”, foi entendido como que os jovens afirmaram que Elishá era um pecador às ocultas, um difamador, um maledicente, em outras palavras; não era um homem de Deus coisa nenhuma. Com resposta, então, Elishá HaNavi [O profeta Eliseu] evoca as duas ursas para provar-lhes que se ele fosse um pecador Deus não lhe concederia poderes próprios de um Tzadik para manipular animais selvagens, como ele fez, devorando, segundo as Escrituras Sagradas, quarenta e dois jovens dentre eles por causa de sua difamação.” (Judaísmo e Messianismo, 2020, Fonte editorial, página 524).
Ele também comenta sobre o caso da irmã de Moisés, que cometeu Lashon Hará e foi punida com Tzaraat (Números 12: 1-13). Isso significa que mesmo as pessoas importantes podem receber Tzaraat se não permanecerem em santidade.
Prosseguindo. Quando a pessoa estava com Tzaraat a pele do seu corpo ficava toda em "carne viva", mas após ser curado a carne daquela pessoa "se tornava branca", indicando que a pessoa ficou curada por meio de um milagre. Sendo assim, quando o Messias mandou aquele homem ir até os sacerdotes, significa que a pele dele estava branca como a neve. Será que existe um segredo em tudo isso?
Bem, veja isso. Sabemos que quando Moisés teve seu primeiro encontro com o ETERNO, no decorrer da conversa vemos que ele pediu "um sinal" para que os filhos de Israel passassem a crer na mensagem que seria pregada quando ele (Moisés) fosse anunciar a libertação do povo. E o sinal que foi dado a ele foi o sinal da Tzaraat.
(Êxodo 4: 1-8). Quando os filhos de Israel soubessem daquele ocorrido onde uma doença daquele nível apareceu e foi curada instantaneamente, iriam saber que o ETERNO já estava começando a agir entre eles e que muito próximo estava o libertador.
Assim, quando Yeshua mandou aquele homem ir até os sacerdotes, ele estava dando um sinal de que o libertador já se fazia presente por meio deles, pois a cura imediata do Tzaraat indicava que o poder de Elohim agindo no meio deles. Os levitas, conhecedores dos sinais realizados pelo ETERNO lá no passado, iriam compreender o segredo daquela mensagem subliminar entregue por Yeshua, pois ele utilizou o mesmo SINAL realizado no tempo de Moisés como TESTEMUNHO e REVELAÇÃO de sua identidade messiânica. Ora, é muito provável que a cura da Tzaraat não fosse algo comum naquela época, de modo que uma dura daquele nível iria despertar interesse imediato naquelas pessoas, que iriam buscar saber a fonte daquela cura. Além disso, o próprio Messias se tornou "um homem que carrega uma doença", em concordância com Isaías 53.
Em suma, ao ser comparado como alguém que carrega a doença de outra pessoa, e sabendo que essa doença (a Tzaraat) só pode ser curada pelo agir do próprio ETERNO, os rabinos estavam dizendo que o Messias é aquele que traz a cura para o seu povo. Aquele que os tornará puros, que os levará para o caminho de santidade, para que possam desfrutar de um verdadeiro relacionamento com o ETERNO. O Messias tem a missão de nos salvar da escravidão espiritual do pecado. O sinal da Tzaraat simboliza redenção. Por isso está escrito:
"Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.
(…)
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Vinde então, e raciocinemos juntos, diz Adonai: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã." (Isaías 1:6,16-18)
Eis o entendimento dos sábios:
"O Messias é o fiador de Israel; ele se comprometeu a sofrer para expiar os pecados de Israel a fim de encurtar o exílio” (Yalkut Shimoni 499).
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