Por: Cleiton Gomes
Extraído da obra: Ainda Há Esperança - O Chamado para Retornar, 2020, páginas 329 a 333. Obs: O texto em questão foi revisado e ampliado.
Façamos a leitura da declaração do apóstolo Paulo:
"Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós. Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre." (Gálatas 4: 21-31).
Neste episódio da Escritura o apóstolo Paulo está falando sobre a diferença entre aquele que é livre espiritualmente e aquele que é prisioneiro do pecado (vide, João 8: 34). O pecado é a desobediência aos mandamentos da Torá (1ª João 3: 4), logo, o prisioneiro do pecado é aquele que viola os mandamentos do ETERNO de forma espontânea e voluntária. Dessa forma a pessoa cria inimizade contra a lei divina (Romanos 8:5-8), passando a viver debaixo da lei. É isso mesmo que você está pensando, a expressão "debaixo da lei" é uma forma de nomear aqueles que vivem transgredindo os mandamentos da Torá de forma habitual, de forma voluntária, de forma a satisfazer os desejos pecaminosos da carne. Tal expressão não foi usada para definir aqueles que praticam os mandamentos da Torá adequadamente. Ora veja, Yeshua trata a obediência aos mandamentos da Torá como sendo algo agradável no qual a pessoa recebe méritos divinos (Mateus 5: 19), enquanto que Paulo ensinou que aquele que está debaixo da lei está em maldição. Isto é uma contradição entre Paulo e o ensino de Yeshua?
Absolutamente não! Quando Paulo fala que quem está 'debaixo da lei' está em maldição, é porque ele está dizendo que tais pessoas estavam desobedecendo os mandamentos da Torá de forma habitual e voluntária. Pois a MALDIÇÃO e MORTE são consequências da desobediência aos mandamentos da Torá (Deut. 28: 15-60; Rom. 6: 23), por outro lado, a obediência aos mandamentos é tratado como bênção, como algo bom, como algo agradável (Deut. 28: 1-14). Todas as pessoas que desobedecem os mandamentos da Torá de forma espontânea, voluntária, habitual, demonstra por suas próprias obras que nunca teve um verdadeiro relacionamento com o Messias, portanto, ainda está sob o senhorio de Satanás como nos ensina o apóstolo João em 1ª João 3: 4-10. Veja um pouco da lição dele:
“Qualquer que permanece nele [em Yeshua] não peca [não transgride os mandamentos da Torá de forma voluntária e habitual]; qualquer que peca [transgride a Torá de forma voluntária e habitual] não o viu nem o conheceu." (1ª João 3: 5-6).
Depois de tudo que já foi estudado até agora, fica simples declarar que os filhos da escrava são aqueles que desobedecem os mandamentos da Torá voluntariamente. Estes são escravos do pecado. E se a pessoa não for libertada do cativeiro espiritual do pecado, nunca herdará aquilo que foi prometido para os que perseverarem até o fim. Foi por isso que Paulo disse: “lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre." (Gálatas 4: 30, vide também: Gálatas 5: 21).
Quando Paulo faz a associação entre os filhos da escrava com a atual Jerusalém da época, ele estava falando sobre a hipocrisia que estava ocorrendo no âmbito religioso e político. O próprio Yeshua condenou abertamente a hipocrisia existente naquela época e trouxe a mensagem de restauração, para que as pessoas voltassem a aprender o verdadeiro significado do que é servir ao ETERNO com uma sincera e genuína intenção do coração.
O próprio Talmud (Sanhedrin 98a) conta que o Messias poderiam vir de duas maneiras: "se os israelitas fossem dignos, o Messias iria vir para eles sobre as nuvens dos céus. Mas se não fossem dignos, o Messias viria montado sobre um jumento." E sabemos que Yeshua, nosso Messias, veio montado sobre um jumento (Mateus 21: 4-7, vide também: Zacarias 9:9), portanto, aquela geração ainda não era digna de contemplar a glória máxima do Rei Messias. E quem quiser duvidar da profecias de Zacarias que duvide, porém, o próprio Midrash Tanchuma associa ela ao Messias:
"... 'em um jumento', este é o Mashiach Ben David, como foi dito: “pobre e montado sobre um jumento”.
Naquela geração os hebreus não foram dignos de contemplar o Messias vindo em glória, pois muitos estavam em trevas. E foi por isso que o Messias veio como um homem humilde, para que pudesse ensiná-los a caminhar como pessoas dignas. Ele é aquele que tem poder para libertar qualquer pessoa do senhorio de Satanás. Yeshua é aquele que tem poder para trazer as pessoas para o caminho da santidade e ele faz isso através de um convite “vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”. O Mestre de Nazaré convida as pessoas para o caminho da liberdade.
E mais: veja que Paulo ensinou que Ismael (o filho da escrava) era um homem carnal. Tal assertiva está de acordo com o texto de Gênesis 16: 11-14. Neste texto das Escrituras é dito que Ismael era um homem selvagem. Em alegoria, o homem carnal é aquele que não se submete às leis do Altíssimo (Romanos 8: 5-8), pois uma pessoa que é espiritual ela não despreza a lei divina e sim ama ela, se agrada da, tem prazer nela. Isso se dá pelo fato de que o Espírito de Elohim ministra a Torá dentro do nosso coração (Ezequiel 36: 26-27; João 16: 7-9), até porque a nova aliança surge não para destruir a Torá, mas para colocar ela dentro do nosso coração (Jeremias 31: 31-33; Hebreus 8: 8-11). Qualquer pessoa que diga que a nova aliança surge para destruir a Torá, está demonstrando que nem sabe o que é a nova aliança.
Atualmente, você pode ser considerado filho de Agar ou filho de Sara? Você pode ser considerado escravo ou pode se considerar como livre?
Examine o homem a si mesmo, e se algo não estiver correto, trate de se corrigir, pois ainda há esperança. Permita que Yeshua te ensine a como guardar os mandamentos da Torá de forma genuína. Permita-se ser libertado por Ele através da Torá, para que te coloque no caminho da liberdade:
"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." (João 8: 36).
“De minha boca não tires totalmente a palavra da verdade [a Torá/ veja o verso 142], pois tenho esperado nos teus juízos. Assim observarei de contínuo a tua Torá, para sempre e eternamente; e andarei em liberdade... " (Salmos 119: 43-48).
Todos os que realmente foram libertados do cativeiro espiritual do pecado, são os que vivem obedecendo aos mandamentos do ETERNO de forma adequada. Do contrário, são pessoas que estão apresentando os membros do seu corpo para batalhar contra a Torá, demonstrando que são carnais, que são escravos do pecado e que estão sob o senhorio de Satanás, sendo considerados 'filhos do diabo'. Por esta razão os tais não poderão herdar a promessa de redenção juntamente com aqueles que são livres. Ser livre é quando o Messias perdoa as nossas ofensas contra a Torá (ela tira a maldição que era contra nós) e nos ensina a viver em acordo com Torá para que possamos viver debaixo da proteção divina (vide, por exemplo: Deut. 5:10).
Querido leitor, o ETERNO está te chamando para abrir os olhos para a verdade!
Seja iluminado!!!
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