Por: Cleiton Gomes & Pedro Sales
Muitos costumam dizer que o Messias mandou guardar o domingo. A igreja católica, por exemplo, até mudou o mandamento de Êxodo 20 onde se diz para "guardar o sábado", mudaram para "guardar o domingo" (Bibliografia indicada: Catecismo da doutrina cristã, edição oficial, 1930, página 9). E como isso aconteceu?
Alguns dizem que essa alteração do mandamento do sábado para o domingo aconteceu porque Yeshua ressuscitou no domingo e por isso o domingo passou a ser um dia sagrado. Não obstante, essa teoria é sem fundamento algum. No sentido de que Yeshua não mudou o mandamento do sábado para o domingo, citaremos três declarações de um importante arcebispo da igreja católica romana, que confessou o erro cometido pela igreja em questão, veja:
Primeira confissão:
"É o sábado o sétimo dia de acordo com a Bíblia e os Dez Mandamentos? Eu respondo que sim. É o domingo o primeiro dia da semana e a Igreja [Católica] mudou o sétimo dia, o sábado, para o domingo, o primeiro dia? Eu respondo que sim. Cristo mudou o dia? Eu respondo que não!" (James Cardinal Gibbons, Arcebispo de Baltimore, 1877-1921, em carta assinada).
Segunda confissão:
“Podereis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse e não encontrareis uma única linha que autorize a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância religiosa do sábado, dia que nós [os católicos] nunca santificamos.” (Cardeal Gibbons, em The Faith of Ours Fathers, edição de 1892 - grifos nossos].
Terceira confissão:
“A igreja católica [...] mudou o dia de sábado para o domingo.” (Catholic Mirror, órgão oficial do Cardeal Gibbons, 23 de Setembro de 1893).
Não é somente ele que confessa o erro de interpretação da igreja católica romana. Outro importante católico, chamado Albert Smith, também confessou:
"Se os protestantes seguissem a Bíblia, adorariam a Deus no dia de Sábado. Ao guardar o domingo, estão seguindo uma lei da Igreja Católica.” (Albert Smith, Chanceler da Arquidiocese de Baltimore, em carta subscrita em 10 de fevereiro de 1920).
Stephen Keenan, também declara:
"Pergunta: Você tem outra maneira de provar que a Igreja tem poder para instituir festivais de preceito? "Resposta: Se ela não tivesse esse poder, ela não poderia ter feito aquilo em que todos os religiosos modernos concordam com ela - ela não poderia ter substituído a observância do sábado, sétimo dia da semana, pela observância do domingo, primeiro dia, uma mudança para a qual não há autoridade bíblica." (A Doctrinal Catechism 3ª edição, página 174).
Prosseguindo. Em momento algum nós iremos ver Yeshua dizendo "eu mudei o mandamento do sábado para o domingo por causa que eu ressuscitei no domingo". Também não vemos ele dizendo: "Eu aboli o mandamento do sábado, então vocês podem escolher outro dia para guardar, que nesse caso eu sugiro o domingo". O mestre de nazaré não falou essas coisas, portanto, qualquer pessoa que disser que o Messias alterou o mandamento do sábado, este tal estará mentindo. E para fundamentar ainda mais a nossa argumentação de que Yeshua não se opôs a nenhum dos mandamentos da Torá, citaremos a declaração do historiador mundialmente conhecido, chamado de Geza Vermes, que foi um importante professor na Universidade de Oxford. Eis o comentário dele:
"Alguma vez Jesus se opôs à Lei? Uma resposta direta a esta pergunta deve ser firmemente negativa [...] Em nenhum trecho do Evangelho Jesus é visto tomando deliberadamente a iniciativa de negar ou de alterar substancialmente qualquer mandamento da lei em si.” (A religião de Jesus, o Judeu, Imago, 1995, página 28).
De fato, em nenhum lugar das Escrituras foi dito que o Messias se opôs aos mandamentos da Torá. O que realmente acontece é que muitos não conhecem o pano de fundo histórico que Yeshua vivenciou, portanto, não conhece os debates já existentes entre os mestres de Torá naquele meio. Qualquer pessoa que não entenda o pano de fundo daquela época, acabará interpretando como muitos fazem, dizendo que Yeshua era inimigo da Torá. Esse é um crasso erro de interpretação da parte dos que interpretam Yeshua como sendo inimigo da Torá.
Muitos pensam que o domingo é o dia sagrado por causa de um aparente texto de Apocalipse, que "chama o domingo de dia do Senhor". Vamos ler o texto na seguinte versão bíblica:
"Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta" (Apocalipse 1:10, Bíblia Ave Maria).
As traduções mais comuns são assim:
"Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Apocalipse 1:10)
Agora vamos ler este mesmo texto em grego koinê:
"ἐγενόμην ἐν πνεύματι ἐν τῇ κυριακῇ ἡμέρᾳ, καὶ ἤκουσα ὀπίσω μου φωνὴν μεγάλην ὡς σάλπιγγος" (Apocalipse 1:10).
Transliteração: “egenomēn en Pneumati en tē kyriakē hēmera kai ēkousa opisō mou phōnēn megalēn hōs salpingos.”
Veja uma coisa: o texto está apenas dizendo “dia do Senhor". Não existe a palavra "domingo" nesse texto. Se caso o texto quisesse falar em primeiro dia da semana ("domingo"), a expressão a se usar no texto seria "μιᾷ τῶν σαββάτων" (mia ton sabbaton) que significa "logo após findar o sábado". Sabemos que quando o sábado termina, o primeiro dia da semana começa. Entretanto, não vemos isso sendo dito em Apocalipse 1: 10. Além do mais, no texto em questão, o apóstolo João não estava ensinando sobre qual dia se deveria guardar ou não, mas sim falando sobre o tempo da ira que viria por parte do ETERNO e também falando sobre o tempo do retorno do Messias.
Há três usos na expressão "o dia do Senhor''. Primeiro, o dia do Senhor é o sábado, uma vez que o próprio ETERNO diz que o shabat é um dia que ele separou pra Ele mesmo (Êxodo 16: 23; 20: 10-11; Deuteronômio 5: 14; Isaías 58: 13). Segundo, a expressão "dia do Senhor" também é usada para falar do tempo de juízo que o ETERNO determina sobre determinadas pessoas (ex: Judas 1:6; Joel 2: 30-31). Terceiro, se refere ao retorno do Messias (1ª Tessalonicenses 5: 2-6).
Finalizando. O apóstolo João era um legítimo judeu defensor da Torá, e não faria o menor sentido dizer que o mandamento do sábado foi substituído, pois seres humanos não tem autoridade para mudar substancialmente qualquer mandamento existente na Torá (Deuteronômio 4: 2; 12: 32).
Seja iluminado!!!
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