Por: Cleiton Gomes
Existem pessoas dizendo que não somos mais obrigados a praticar muitos outros mandamentos que existem na Torá, pelo simples fato de Yeshua ter resumido toda a Torá em apenas dois mandamentos: (1) “amar o próximo como a si mesmo” e (2) “amar ao ETERNO acima de todas as coisas". Eis o texto bíblico:
"Amarás Adonai, o teu Elohim de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." (Mateus 22:37-40).
Quando fazem a leitura deste texto, concluem: “Veja, Yeshua aboliu os outros mandamentos da Torá ao ter afirmando que devemos praticar apenas estes dois mandamentos”.
Essa conclusão, é claro, está bastante equivocada. Basta ler o contexto para perceber que Yeshua respondeu a uma pergunta feita por um dos doutores da lei, o qual queria testar o conhecimento do Mestre (versículos 35 e 36). O doutor da lei sabia a resposta de antemão, evidenciando que as palavras de Yeshua não eram estranhas aos ouvidos dos judeus do primeiro século, como se aquela ideia tivesse sido inaugurada naquele instante.
De fato, os dois mandamentos lecionados por Yeshua já faziam parte da Torá (Levíticos 19: 18, 33-34; Deuteronômio 6: 5). Além disso, a expressão "resumir a Torá" não significa "destruí-la por completo", pois, resumir é fazer uma apresentação de um conteúdo extenso utilizando poucas palavras. O conteúdo pode existir sem o resumo. Mas o resumo não pode existir sem a existência do conteúdo. Tal costume de resumir a Torá fazia parte da cultura judaica, pois, Davi resumiu a Torá em 11 mandamentos (Salmos 15), Isaías sintetizou em 6 regras (Isaías 33: 15), Miquéias em 3 ordenanças (Miquéias 6: 8), e Amós simplificou em apenas 1 mandamento (Amós 5: 4). O rabino Hilel, fundador da escola farisaica hileíta, fez da seguinte forma:
“Tudo aquilo que considerais odioso não faças aos teu próximo. Eis toda a Torá: tudo o mais é apenas interpretação” (bShabat 31a).” (Para mais detalhes sobre este método de interpretação judaica, confira o Talmud Bavli,m. Makot 23b e 24a).
Tudo isso mostra que Yeshua era um legítimo judeu, que se valeu de um conceito judaico de interpretação bastante comum em sua época, caindo por terra o comentário daqueles que insistem em dizer que Yeshua estava inventando mandamentos novos, contrários à Torá, e, que, supostamente, eram desconhecidos por aquela sociedade.
Seja iluminado!!!
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