Por: Cleiton Gomes
Na aula passada falamos a respeito dos simbolismos por trás de cada item prescrito para fazer o jantar. A pergunta que deixamos, foi: O Pêssach ainda deve ser celebrado?
A resposta para essa pergunta é simples: Claro que sim! Pois essa festa bíblica está vinculada a um cenário de redenção que acontecerá no futuro. Foi o ETERNO mesmo que disse para celebrar esta festa de geração após geração (Êxodo 12: 14, 17, 24). Detalhe, a festa em si não é comemorada em datas aleatórias como se o ETERNO gostasse de coisas bagunçadas. Ela é uma festa comemorada uma vez por ano:
"Portanto tu guardarás este estatuto a seu tempo, de ano em ano." (Êxodo 13:10).
Nessas festas (Pêssach e pães ázimos) existem algumas proibições, são elas:
1) Não é permitido tirar a vida do animal antes ou depois do dia 14 de Nissan e sim somente na tarde do dia 14 (Êxodo 12: 6);
2) Não é permitido comer a carne crua e nem cozida, mas unicamente assada (Êxodo 12: 8-9);
3) Não se pode utilizar um animal fêmea, deve ser macho (Êxodo 12: 5);
4) O animal não poderia ter defeito algum (Êxodo 12: 5);
5) Somente o Cabrito ou o Cordeiro eram permitidos para usar no jantar principal (Êxodo 12: 5);
6) É proibido quebrar os ossos do animal (Êxodo 12: 46);
8) A partir do dia 15 até o dia 21 de Nissan ("7 dias completos") é proibido comer massa com fermento (Êxodo 12: 15);
9) No dia 16 de Nissan é indispensável fazer a contagem do Ômer, que deve ser feito até o dia da festa das semanas (Shavuot/ Pentecostes) - Levítico 23: 15-16;
10) No dia 15 e no dia 21 Nissan é proibido trabalhos seculares, porém, a pessoa tem permissão para preparar comidas sem fermento para comer com a sua família (Êxodo 12: 16-17);
11) As primeiras festividades foram celebradas antes de o serviço levítico ter sido estatuído. Após a construção deste serviço, ficou proibido realizar o sacrifício do animal em qualquer lugar que não fosse em Jerusalém (Deuteronômio 16: 5-6). Assim, temos que dizer o óbvio: é proibido matar o cordeiro em outros países fora de Israel, e fora de Jerusalém;
12) Já que é proibido comer massa fermentada durante os dias da festa de pães ázimos, é essencial que você guarde todos os alimentos fermentados num lugar que você não vá pegar para comer até se passar os dias da festa (Êxodo 12: 19-20).
Ao comentar sobre as regras descritas no primeiro Pêssach realizado no Egito, o rabino italiano Ya'akov Sforno, comentou que a regra de passar o sangue o animal nos umbrais da porta e também a questão de comer às pressas, foram regras que só se aplicaram na festa que aconteceu no Egito, mas que não seria obrigatório para os próximos festejos, veja:
“A Torá legisla onde deve ser comido, por quem, como, quando, etc. Apenas a exigência de colocar o sangue do animal do sacrifício nas ombreiras das portas e comê-lo às pressas, pronto para marchar, eram mandamentos aplicáveis aos primeiros tal oferta. Todas as outras ordenanças se aplicariam a todos os tempos futuros - Pesachim 96.” (Sforno, sobre Êxodo 12: 43).
No Talmud, tratado de Pesachim 96a, está escrito:
“O cordeiro pascal que o povo judeu oferecia no Egito tinha que ser retirado a partir do décimo dia do mês de nisã e exigia que o povo borrifasse seu sangue com um feixe de hissopo, ao contrário do cordeiro pascal em todos os anos posteriores, e seu sangue também era aspergido na verga e nas duas ombreiras das portas, e foi comida à pressa; além disso, o cordeiro pascal no Egito foi apenas em uma noite….”
Daí alguém ainda poderia perguntar: Por que você não listou a regra que fala que o gentio não tem permissão para comer do Pêssach a menos que seja circuncidado? (Êxodo 12: 43-49).
Essa é uma pergunta que muitas pessoas gostam de fazer. É essencial que saibamos a razão de isso ter sido dito no texto. Primeiro, os gentios que estivessem hospedados com os israelitas até podiam comer da massa sem fermento, das ervas amargas, porém, não poderia comer a carne do animal a menos que fosse circuncidado. Somente era permitido comer a carne do animal quem já tivesse feito uma aliança com a Torá, portanto, a pessoa deveria se converter ao Elohim de Israel. Quem tivesse apenas de passagem e não quisesse firmar um compromisso sério com o Elohim de Israel, este não tinha permissão para comer a carne do animal. Essa é a verdadeira razão desta proibição. E este conceito é extraído do Talmud, Pesachim 96a, que diz:
“A Gemara pergunta: Mas se sim, por que preciso da expressão “dele” declarada aqui? A Gemara responde que ensina que dele, o cordeiro pascal, ele não pode comer, mas ele come da matzá e ervas amargas. Um incircunciso é obrigado a comer matza e ervas amargas na Páscoa, assim como qualquer outro judeu.”
Porém, muitos grupos têm surgido nos últimos tempos para dizer que o gentio não pode participar do Pêssach de maneira alguma, nem comer nada da festa a menos que seja circuncidado, dando a entender que a circuncisão é um requisito essencial para a pessoa poder pelo menos se fazer presente na festa. Não obstante, este pensamento não está correto, e a razão já foi dita logo acima.
Bom, esta parte do estudo já está ficando extensa. Vamos deixar para falar mais no próximo estudo, contarei com a sua presença.
Seja iluminado!!!
Continua…
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