Por: Cleiton Gomes
Todos que estudam a Bíblia já ouviram falar do famoso governador da Judéia, Pôncio Pilatos, uma vez que ele esteve presente num dos momentos mais aterrorizantes da vida de Yeshua. Ele serviu como o quinto governador da província romana da Judéia, durante o reinado do imperador Tibério. E ele tinha uma devoção exagerada por este imperador.
Muitos já falaram que este personagem tinha uma alma bastante misericordiosa por ter lido na Bíblia que ele aparentava ser a favor de Yeshua, não obstante, ao traçar a verdadeira identidade dele usando argumentos históricos, iremos aprender que Pilatos tinha uma característica de crueldade em si mesmo, sendo um homem "perverso". E quem nos confirma isso é o filósofo judeu, Filo de Alexandria, que chegou a declarar que Pilatos era obstinado e cruel (obra citada: Legation ad Gaium, 38: 301[2]). Essa característica de crueldade também é demonstrada em Lucas 13: 1.
O judeu ortodoxo, David Flusser, contou que todos os outros governadores faziam a estampa de suas moedas de modo a não ofender o caráter da religião dos judeus, mas Pilatos agia de forma contrária e fazia suas moedas usando a estampa de símbolos pagãos, confira:
“Ao estampar suas moedas, outros governadores tinham cuidado de não ofender sentimentos religiosos judaicos. Só Pilatos pode ser considerado uma exceção nesse aspecto. As moedas por ele cunhadas traziam símbolos pagãos na forma de vasos sagrados”. (Jesus. Editora Perspectiva, 1ª edição - 2019, página 129).
O historiador Flávio Josefo também falou sobre a idolatria de Pilatos, dizendo que ele mandou seus soldados trazerem para Jerusalém estandartes que continham a imagem do imperador Tibério (pois Tibério se considerava uma divindade). Tal atitude foi rapidamente contrariada pelos judeus, que insistiram incansavelmente que aquilo fosse tirado de Jerusalém o mais rápido possível. Depois de tanta insistência, Pilatos tira os objetos e os leva de volta para Cesaréia:
“Pilatos, governador da Judéia, enviou dos quartéis de inverno de Cesaréia a Jerusalém tropas que traziam em seus estandartes a imagem do imperador, o que é tão contrário às nossas leis que nenhum outro governador antes dele o fizera. As tropas entraram de noite, e por isso apenas no dia seguinte é que se percebeu.
Imediatamente os judeus foram em grande número procurar Pilatos em Cesaréia e durante vários dias rogaram-lhe que removesse aqueles estandartes. Ele negou o pedido, dizendo que não o poderia fazer sem ofender o imperador. Mas como eles continuavam a insistir, ordenou aos seus soldados, no sétimo dia, que secretamente se conservassem em armas e subiu em seguida ao tribunal que mandara erguer de propósito no local dos exercícios públicos, porque era o lugar mais apropriado para escondê-los. Os judeus, porém, insistiam no pedido. Ele então deu o sinal aos soldados, que os envolveram imediatamente por todos os lados, e ameaçou mandar matá-los se continuassem a insistir e não voltassem logo cada qual para a sua casa. A essas palavras, eles lançaram-se todos por terra e apresentaram-lhe a garganta descoberta, para mostrar que a observância de suas leis lhes era muito mais cara que a própria vida.
Aquela constância e zelo tão ardentes pela religião causou tanto assombro a Pilatos que ele ordenou que se levassem os estandartes de Jerusalém para Cesaréia.” (História dos Hebreus, livro 18, capítulo 4; CPAD, 8ª edição: 2004).
Ainda no mesmo capítulo, Josefo conta mais um incidente envolvendo Pilatos e os judeus:
“... Pilatos tentou retirar dinheiro do tesouro sagrado para fazer vir a Jerusalém, pelos aquedutos, a água cujas nascentes distavam uns duzentos estádios. O povo ficou de tal modo revoltado que veio em grupos numerosos queixar-se e rogar-lhe que não continuasse aquele projeto. E, como acontece ordinariamente no meio de uma população exaltada, alguns chegaram de dizer-lhe palavras injuriosas. Ele ordenou então aos soldados que escondessem cacetes debaixo da túnica e rodeassem a multidão. Quando recomeçaram as injúrias, sinalizou aos soldados para que executassem o que havia determinado. Eles não somente obedeceram, como fizeram mais do que ele desejava, pois espancaram tanto os sediciosos quanto os indiferentes. Os judeus não estavam armados, e por isso muitos morreram e vários foram feridos. E a sedição terminou.”
Explicando de forma ainda mais fácil. Pilatos pegou o dinheiro do Templo de Jerusalém para financiar o aqueduto que forneceria água para Jerusalém. Claro que ele poderia ter usado outros recursos para realizar aquele projeto, mas ele sempre esteve buscando encrenca com os judeus. Os judeus, logicamente, protestaram contra aquela ação dele. Sendo uma pessoa com uma mentalidade astuta, ao ver que a multidão iria lhe cercar, mandou que seus soldados se vestissem com roupas de civis comuns. No tempo certo ele daria um sinal para cada um deles, para que estes viessem a tirar a vida de judeus por meio de pauladas. E o plano deu certo, pois os judeus estavam desarmados e, durante a briga, muitos judeus ficaram gravemente machucados e outros vieram a morrer.
Continuando. Apesar de Pilatos ter demonstrado atos de misericórdia para com Yeshua, sabemos que ele agiu assim por conta de que sua esposa Cláudia o avisou sobre uma determinada visão que ela teve sobre aquele homem que havia de ser julgado naquele momento (Mateus 27: 19). Pensando nisso, Pilatos logo muda sua forma de agir para o julgamento de Yeshua, buscando meios de permitir que ele viesse a ser solto. Porém, sua mudança inesperada de comportamento enfureceu os principais sacerdotes, que começaram a ameaçar Pilatos, dizendo que iriam denunciá-lo para o Imperador César (João 19: 12). Vendo que já não poderia fazer mais nada a favor de Yeshua, num último gesto, tentou tirar a responsabilidade dos seus ombros, lavando de forma simbólica as suas mãos (Mateus 27: 24).
Ele estava tão preocupado com seu cargo político que cedeu a pressão feita pelos principais sacerdotes. Mesmo tentando mudar seu mau caráter durante o julgamento de Yeshua, ele ainda acabou por demonstrar feitos de zombaria para com a crença dos judeus. Ora veja, ele permitiu que os soldados romanos fizessem zombarias sobre a messianidade de Yeshua, no qual os soldados colocaram uma coroa de espinhos na sua cabeça e começaram a chamá-lo de rei dos judeus (Mateus 27: 29).
Além disso, uma tábua foi escrita em três idiomas diferentes, que estava escrito "Yeshua, o nazareno, o rei dos judeus" (João 19: 19-20). Isso era uma prova concreta de que ele estava zombando dos judeus, pois aquele ato era a mais cruel demonstração de que os romanos haviam sido capazes de matar o tão esperado Messias que os salvaria da opressão do inimigo. Os romanos estavam ridicularizando a profecia messiânica, é por isso que o Sumo Sacerdote tenta impedir que aquelas palavras fossem colocadas em público, mas que deveria ter sido escrito como "ele disse: sou o rei dos judeus" (João 19: 21). Os próprios apóstolos ensinaram que Pilatos se levantou contra Yeshua (Atos 4: 27), pois como já dito, ele estava mais preocupado em defender a sua posição política do que defender um homem de um povo que ele considerava inimigo.
Bom, acredito que já podemos parar por aqui. Muitas outras coisas poderiam ser faladas ainda, mas isso já é o suficiente para desmontar a ideia de que Pilatos sempre foi uma pessoa de bom coração, um alguém que era amigo dos judeus. Caso você queira dizer algo a respeito disso, deixe seu comentário logo abaixo. No mais sempre digo….
Seja iluminado!!!
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