Por: Pedro Sales e Cleiton Gomes
Estamos vivendo em uma época de grande cegueira espiritual, onde as pessoas não sabem o que realmente é o evangelho. Muitos conhecem um evangelho deturpado, relativizado, e que pode ser personalizado a qualquer momento por qualquer pessoa. Pregam um suposto evangelho que ataca a Torá. Mas afinal, o que é o Evangelho?
Muitos irão dizer que falar do evangelho é pregar sobre a morte e ressurreição de Yeshua, nosso Messias. No entanto, o evangelho em si não é somente falar da morte do Messias, pois a santa escritura mostra que o evangelho já era pregado antes mesmo de Yeshua nascer de Maria. Para fundamentar esta afirmação, citarei a declaração do apóstolo Pedro:
"Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Elohim, viva, e que permanece para sempre. Porque Toda a carne é como a erva, E toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada." (1ª Pedro 1: 23-25).
Pedro está dizendo que a palavra do ETERNO é incorruptível, e que dura para sempre. Ele está dizendo que a palavra do ETERNO é o evangelho que estava sendo anunciado. O que muitos não sabem é que Pedro está fazendo uma citação do livro do profeta Isaías, veja:
"Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito de Elohim. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Elohim subsiste eternamente. Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Elohim." (Isaías 40: 6-9).
Nestes dois textos bíblicos podemos encontrar o uso da expressão "boas novas". Aliás, em hebraico temas a expressão "besorah" e quer dizer "boas notícias", "boas novas". Em grego temos o verbete "ευαγγελιον" (euaggelion) e também quer dizer "boas novas", "boas notícias".
O Evangelho em si é a palavra do ETERNO, e pela escritura iremos entender que a palavra do ETERNO é a Torá. Com efeito, no Salmos 119: 142, 151, 160, o salmista utilizou uma poesia hebraica para dizer que a Torá é a palavra do ETERNO e que ela é a verdade. No mesmo Salmo iremos encontrar o autor dizendo que aqueles que praticam os mandamentos da Torá andam em liberdade (versos 42 e 45) e num caminho de luz (verso 105).
Quando comparamos isso com as lições de Yeshua, o veremos dizer que a verdade liberta (João 8: 32), que a palavra é a verdade (João 17: 17). E quando alguns dentre os fariseus estavam deturpando um dos mandamentos da Torá, a saber, o mandamento de honrar pai e mãe, Yeshua defende esse mandamento e combate aqueles determinados fariseus, dizendo que por causa dos preceitos que eles mesmos criavam, acabavam por tentar invalidar a palavra do ETERNO. Daí podemos enxergar algo muito simples: Yeshua defendeu a Torá e a chamou de palavra do ETERNO (Marcos 7: 6-13).
O próprio Yeshua, certa vez, fez distinção entre ele e o Evangelho:
"Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará." (Marcos 8: 35).
O mestre de nazaré ensinou que o evangelho deveria ser levado para outras nações (Mateus 28: 19-20; Marcos 13: 10; 14:9). Mas, qual a razão de o evangelho ser levado para as nações?
Leitor, quando Yeshua falou que o evangelho deveria ser levado para todas as nações, e quando ele disse que foi enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 15: 24), devemos entender que “a casa de Israel” é um dos títulos usados na santa escritura, para identificar as 10 tribos de Israel. Talvez você já tenha lido sobre o episódio em que houve a separação das duas casas (Judá e Israel). Mas se você não leu, poderá procurar nas Escrituras. É o episódio em que Roboão, o filho de Salomão, aumenta os tributos que o povo deveria pagar. Dez das Doze tribos ficaram revoltadas com aquela decisão, e se afastaram daquele reinado.
Depois que houve essa divisão, as tribos ficaram sendo identificadas como "Casa de Judá", que era composta de 2 tribos, os quais eram chamados de judeus. E a "Casa de Israel", que era composta de 10 tribos. Os judeus apelidaram os hebreus da casa de Israel de "gentios".
Quem já estudou sobre o assunto, sabe que a casa de Israel foi levada em cativeiro, e passaram a se acostumar com o estilo de vida pagão. Depois de muito tempo, as tribos não quiseram mais retornar para seu lugar natural e ficaram assimilados entre as nações, passando a ter casamentos mistos. Passaram a viver como os gentios.
Embora isto tenha acontecido, o ETERNO lançou a promessa de que iria reagrupar as duas casas novamente, e acabaram com a inimizade entre uma e outra, fazendo delas uma só; um só povo novamente (Ezequiel 37: 16-24). É dessa promessa de reagrupamento que Yeshua está se referindo quando mencionou que veio para "a casa de Israel", e quando disse que o evangelho deveria ser levado para as outras nações.
Quando Yeshua começa esse processo de restauração, a casa de Israel já estava dispersa pelas nações à mais de 700 anos. E o Evangelho que seria levado para eles é a própria Torá, pois ela é o bom caminho, as veredas antigas (Jeremias 2: 20; 6: 16,19). E quem tem a missão de levar as pessoas a retornar a praticar os mandamentos da Torá é o Messias (Ezequiel 37: 24). E mais, somente aqueles que são verdadeiramente iluminados pelo Espírito do ETERNO é que praticam os mandamentos da Torá adequadamente (Ezequiel 36: 26-27). Quem não pratica os mandamentos da Torá, não tem si mesmo a iluminação do Espírito nem pode se considerar um discípulo de Yeshua (1ª João 3: 4-10).
Resumindo, o evangelho é a Torá, que estaria sendo levada às nações através dos comandos do Messias, para que a promessa do reagrupamento das duas casas venha acontecer. Nesse período muitos gentios também estariam ingressando no povo que aderiu a restauração, e seriam aceitos pelo ETERNO sem distinção em função de sua origem genealógica (Romanos 11). Ora, Paulo mesmo falou que o evangelho que ele pregava era sobre a promessa que o ETERNO fez, e ao pregar sobre isso acabou sendo mal compreendido:
"Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu. E agora pela esperança da promessa que por Elohim foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. À qual as nossas doze tribos esperam chegar [...] Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus." (Atos 26: 5-7).
De fato, as Duas Casas não se davam tão bem, tanto é que o ETERNO promete que acabaria essa inimizade quando o evangelho do reino fosse anunciado:
"Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra. O ciúme de Efraim desaparecerá, e a hostilidade de Judá será eliminada; Efraim não terá ciúme de Judá, nem Judá será hostil a Efraim." (Isaías 11:12-13).
"Assim diz YHVH dos Exércitos, o Elohim de Israel: Ainda dirão esta palavra na terra de Judá, e nas suas cidades, quando eu vos restaurar do seu cativeiro: YHVH te abençoe, ó morada de justiça, ó monte de santidade!" (Jeremias 31: 23).
Tanto para Yeshua quanto para os apóstolos, o evangelho de restauração, o evangelho do reino, se trata da Torá sendo levada para o aprendizado das nações, para que crendo, deixem seus maus caminhos e passam a andar em santidade. De fato, todos os apóstolos pregaram sobre a necessidade de arrependimento. É necessário retornar às veredas antigas, o bom caminho, para que possam encontrar descanso para a alma.
O evangelho do reino é um caminho de santidade, tal como disse Isaías no texto logo acima. E para também ensinou que sua missão como ministro do evangelho, era levar as pessoas para o caminho de santidade:
"A respeito de alguns assuntos, eu lhes escrevi com toda a franqueza, como para fazê-los lembrar-se novamente deles, por causa da graça que Elohim me deu, de ser um ministro de Yeshua HaMashiach (o Messias) para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o evangelho de Elohim, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável a Elohim, santificados pelo Espírito de Elohim." (Romanos 15: 15-16).
Para finalizar, acompanhe o raciocínio.
A) O pecado é a desobediência aos mandamentos da Torá (1ª João 3: 4);
B) A santidade é o oposto do pecado.
C) Logo: A santidade é a obediência aos mandamentos da Torá.
É bem simples de entender não é mesmo? Então, que possamos meditar mais nas Escrituras e aprender a retornar para as veredas antigas, o bom caminho que concede descanso para as nossas almas. Que nós venhamos reconhecer nossa limitação, e perceber que dependemos no ETERNO para nos ajudar a sair do mundo de pecado, do estilo de vida pagão. Faça como o salmista disse: “Veja se há em mim algum caminho mau, e me guia pelo caminho eterno". (Salmos 139: 24).
Seja iluminado!!!
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