Por: Cleiton Gomes
Extraído da obra: Ainda Há Esperança – o Chamado para Retornar, 2020, páginas 305 até 310.
"Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência". (1ª Coríntios 10: 25, Almeida Corrigida Fiel, 2007).
Através da leitura deste texto das Escrituras muitos concluem apressadamente que podemos comer de todas as espécies de animais que são vendidas em açougues do nosso presente século, tal como carne de porco, carne de cavalo, camarão, entre outras espécies de animais que foram reputadas ilícitas pela Torá. Não obstante, autorizar o consumo destas coisas nunca foi a intenção de Paulo, uma vez que ele era um homem temente ao ETERNO. Então, de maneira alguma iria combater as instruções divinas a respeito da alimentação.
Para identificar qual a ideia que o apóstolo queria repassar a seus discípulos, iremos apresentar três informações. São elas:
1- Mesmo Paulo tendo dito para "comer de tudo", neste "tudo" existem exceções, uma vez que ele também declarou que nem todas as coisas convêm que façamos, pois nem todas as coisas edificam (1ª Coríntios 10: 23). Pelo contexto, as coisas que não edificam tratam-se de alimentos sacrificados a ídolos;
2- Paulo entendia que em regiões distantes de Israel habitavam alguns judeus. E sabia que existiam mercadores israelitas que vinham das terras de Israel transportando alimentos lícitos (carnes de animais lícitos), para que pudessem abastecer alguns açougues das regiões em que habitavam judeus. Os judeus das outras regiões poderiam comer carnes lícitas em suas próprias regiões, uma vez que havia este recurso de mercadores israelitas abastecendo os mercados de carne (Talmud Bavli, Chulim 95a).
3- Há uma grande possibilidade de que, em meio às regiões gentílicas, também houvesse a existência de açougues judaicos, que foram erguidos pelos próprios judeus da diáspora (refere-se às mais de 3 mil pessoas que fugiram para outras regiões por causa da perseguição promovida por Saulo de Tarso/ Atos 8: 1, 4). Assim, além de receberem a carne dos mercadores israelitas que vinham de Israel, eles mesmos sabiam de todo o procedimento do abate indolor, podendo praticar este abate nas regiões em que eles habitavam. Isso quer dizer que havia açougueiros profissionais, açougueiros kosher (adequado/lícito), dentre as regiões gentílicas.
Se caso o mercado de carne que Paulo estava indicando para seus discípulos fosse um açougue de um gentio ímpio, de pessoas que não criam no único Elohim, então ali seria vendido carne de animais sacrificados a ídolos, sangue e carne sufocada. Paulo iria mesmo indicar seus discípulos a comer o sangue, a carne sufocada e carne de animais sacrificados a ídolos? A resposta para essa pergunta é um sonoro não.
Quando Paulo esteve na reunião apostólica em Jerusalém, ali foi ensinado que os crentes gentios jamais poderia se alimentar de carne sufocada, de sangue e de alimentos sacrificados a ídolos. Paulo mesmo anunciou que estava de acordo com a decisão apostólica (Atos 15: 20, 29; 21: 25). Vale ressaltar que essa decisão apostólica aconteceu quando Paulo já estava convertido e quando ele já havia retornado da Arábia. Daí, não resta nenhum pretexto para dizer que Paulo ainda não era convertido, e que, possivelmente, teria mudado de opinião anos depois, passando a permitir o consumo de tais alimentos. Quem afirmar tal coisa estará cometendo um grande erro de interpretação.
É tão verdade que Paulo não estava de acordo com quem se alimentava das carnes sacrificadas a ídolos, que no próprio contexto do livro aos Coríntios ele ensina, que "aqueles que se alimentavam de alimentos sacrificados a ídolos, deveriam parar com isso, para não servir se tropeço para as outras pessoas" (1ª Coríntios 8: 9-13).
Servir de tropeço para alguém abandonar o caminho de luz é algo bastante grave, inclusive, o próprio Yeshua ensina que aquele que servir de tropeço para alguém que está começando a trilhar no caminho de luz terá um severo castigo; e seria melhor que tivesse amarrado uma pedra no pescoço e tivesse se jogado no mar (Lucas 17: 1-4). E mais, Paulo também assegura que "ele mesmo não se alimentava de alimentos sacrificados a ídolos" (1ª Coríntios 10: 31-33), sem falar que também ensinou que quem se alimentava daquela maneira, estaria se alimentando da comida sacrificada aos demônios (1ª Coríntios 10: 20-21).
Já que Paulo sustenta que aqueles que se alimentam da carne sacrificada aos ídolos é o mesmo que estarem se alimentando de alimentos sacrificados a demônios, como explicar a questão onde Paulo dá permissão para comer na casa de incrédulos? Estaria Paulo dando permissão para se alimentar da comida que ele mesmo proibiu?
Leia o seguinte texto: "Se, portanto, algum dos incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, nada perguntando por causa da consciência." (1ª Coríntios 10: 27).
A explicação deste texto é bastante simples: a palavra ‘incrédulo’ não foi usada para identificar as pessoas ímpias. E sim usada para identificar alguns dos crentes em Yeshua. Este grupo de gentios crentes em Yeshua tinha bastante medo de se alimentar de alimentos sacrificados a ídolos. Esse medo se caracterizava por eles ainda estarem acostumados a pensar que o ídolo de madeira, pedra ou de qualquer outro tipo de material realmente tinha vida e que seria uma ameaça para eles. E por ainda estarem habituados ao pensamento politeísta (crença na existência de muitos deuses), acreditavam que os ídolos feitos por mãos humanas eram dotados de inteligência, magia e/ou poder para abençoar e/ou amaldiçoar todos aqueles que não o tratassem com reverência.
Paulo os chama de "incrédulos", pois rejeitar a crença no único Elohim verdadeiro é uma espécie de incredulidade (1ª Coríntios 8: 4-7; 10: 19). Assim sendo, do ponto de vista de Paulo, estes incrédulos eram aqueles que não se alimentavam de carnes sacrificadas a ídolos e que eram discípulos novos convertidos; mas que foram apelidados assim porque ainda não tinham o pleno entendimento de que só existe um único Elohim verdadeiro; e que os ídolos criados pelas mãos humanas são inúteis. Eles não veem, não falam, não ouvem, não comem, não bebem; isto é, eles não têm vida em si mesmo.
Amado leitor, agora você percebe que o apóstolo Paulo não estava dando legalidade para se alimentar de qualquer coisa? Percebe que ele não estava autorizando as pessoas a comer a carne de porco, de cavalo, de coelho, de rato, de cobra, etc? De agora em diante, o verdadeiro crente em Yeshua deve abrir o seu coração para aprender, passando então a se alimentar da maneira como prescreveu o ETERNO (vide, Levítico 11 e Deuteronômio 14). Aprenda a se alimentar de alimentos reputados lícitos pelo ETERNO.
Seja iluminado!!!
3 Comentários
BARUCH ata Adonai,continua no pecado quem quer?🤷♀️
ResponderExcluirExatamente, ach. Só continua em pecado quem quer! (E muitos querem, pois não amam a Yahweh).
ExcluirExatamente continua quem quer
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