A maldição em Jeconias e o nascimento de Yeshua

Por: Cleiton Gomes

Alguns céticos argumentam que Yeshua não pode ser o Messias prometido, pois, descende de uma linhagem que o ETERNO amaldiçoou. De fato, isso realmente aconteceu, confira:

"Vivo eu, diz Adonai, que ainda que Conias (Jeconias), filho de Jeoiaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo na minha mão direita, contudo dali te arrancaria".  (Jeremias 22: 24). 

“Assim diz Adonai: Escrevei que este homem [Jeconias] fica sem filhos, homem que não prosperará nos seus dias; pois nenhum da sua linhagem prosperará para assentar-se sobre o trono de Davi e reinar daqui em diante em Judá”. (Jeremias 22: 30). 

A partir da leitura desses versos foi criado o seguinte raciocínio: a) da linhagem de Jeconias não pode existir descendentes dignos para se sentar no trono de Davi; b) Yeshua descende de Jeconias (Mateus 1:11); c) Logo: ele não pode ser o rei messias prometido. 

Agora, vamos esclarecer o que aconteceu de fato ao longo da história bíblica, para descobrir como Yeshua pode ser o legítimo messias ainda que descenda de Jeconias. 

Os textos bíblicos revelam que o ETERNO atribuiu grande autoridade a Zorobabel, mostrando que várias pessoas iriam ter respeito pelo seu nome, confira o texto:

"Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: farei tremer os céus e a terra; E transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos dos gentios; e transtornarei os carros e os que neles andam; e os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão. Naquele dia, diz Adonai dos Exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz Adonai, e far-te-ei como um anel de selar; porque te escolhi, diz Adonai dos Exércitos". (Ageu 2: 21-23)

Ao fazer a leitura desse episódio bíblico, o exegeta judeu Rashi, explica que Jeconias se arrependeu profundamente dos erros que cometeu. O resultado disso foi a anulação da maldição hereditária (Rashi, sobre Ageu 2: 23) – (Fonte: Chabad). 

O Bamidbar Rabbah compara alguns episódios bíblicos em que os israelitas estavam prestes a receber maldições, mas em função da petição de alguém elas foram anuladas. Após isso, declara que Jeconias foi levado em cativeiro com seus descendentes, mas durante o exílio ele se arrependeu profundamente; foi tão grande o seu arrependimento que o ETERNO retirou a maldição proposta para os descendentes dele. – (Fonte: Bamidbar Rabbah 20:20).  A obra rabínica Pesikta Rabbati também afiança que, em função do grande arrependimento, a maldição foi removida (Fonte: Pesikta Rabbati, Piska 47, traduzido por William G. Braude, Yale University Press, pg. 797-798). 

Na Jewish Encyclopedia está registrado o mesmo ensinamento: 

"As tristes experiências de Jeconias mudaram completamente sua natureza e, ao se arrepender dos pecados que havia cometido como rei, foi perdoado por D'us, que revogou o decreto de que nenhum de seus descendentes jamais se tornaria rei (Jr. xxii. 30; Pesiḳ., ed. Buber, xxv. 163a, b); ele até se tornou o ancestral do Messias (Tan., Toledot, 20 [ed. Buber, i. 140])” – Fonte: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/8543-jeconiah 

 

Além disso, a própria Escritura registra o momento em que o ETERNO prometeu trazer herdeiros de Jeconias para serem plantados em terra boa (cf. Jeremias 24:6). Essa promessa foi cumprida em Zorobabel, quando o mesmo conduziu diversas pessoas para a terra santa após o cativeiro babilônico, episódio em que os muros de Jerusalém foram reerguidos, o templo reconstruido e o culto ao ETERNO restabelecido. A título de curiosidade, saiba que Zorobabel descende de Jeconias (1 Crônicas 3: 17-19). Assim está disposta a genealogia bíblica: a) Jeconias gerou Sealtiel; b) Sealtiel gerou Pedaías; c) Pedaías gerou Zorobabel.

Daí, há fatos que são indiscutíveis:

1) Jeconias foi amaldiçoado, porém, em função do seu grande arrependimento teve a maldição cancelada;

2)  Várias literaturas judaicas atestam este ocorrido;

3) Logo: Jeconias foi considerado digno de ser ancestral do rei Messias. Por esta razão, os discípulos de Yeshua tiveram firmeza em afirmar que ele podia ser o Messias prometido, mesmo sendo descendente do personagem em questão. 

Com efeito, veja a declaração do Midrash Tanchuma:

“O que significa, Quem és tu, ó grande montanha? Este é o Rei Messias. E por que ele o chama de grande montanha? Porque ele é maior do que os Pais ... mais elevado do que Abraão ... mais elevado do que Moisés ... e mais elevado do que os anjos ministradores ... e de quem ele sairá? De Zorobabel" (Midrash Tanchuma, Toledot 14, ed. Buber 1: 139, citado nos textos do Messias por Raphael Patai, pg. 41). 

Não restam dúvidas! Yeshua pertence à linhagem messiânica!

Seja iluminado!!!