Por Cleiton Gomes
Há um texto nas Escrituras que aparenta dizer que Paulo deixou de ser um parush (fariseu), vejamos qual é:
"Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu" (Filipenses 3:5).
Será que essa tradução está realmente correta? Bom, para que possamos entender melhor, façamos a leitura deste texto em grego koiné:
"περιτομῇ ὀκταήμερος, ἐκ γένους Ἰσραήλ, φυλῆς Βενιαμείν, Ἑβραῖος ἐξ Ἑβραίων, κατὰ νόμον Φαρισαῖος" (Filipenses 3: 5).
No texto em grego temos a seguinte declaração: κατὰ νόμον Φαρισαῖο (kata nomos pharisaios). Nem precisa ser perito de grego para entender que não existe a palavra "FUI" ou a palavra "ERA". Isso significa que a verdadeira declaração de Paulo é a seguinte:
"Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fariseu" (Filipenses 3:5).
Isso mesmo. Paulo estava declarando que ainda era fariseu, e ele afirmou isso em outro lugar após a sua conversão, veja:
"...Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado." (Atos 23: 6).
De fato, para aceitar Yeshua como seu Messias não era necessário deixar de ser fariseu. Na verdade, outras pessoas também passaram a crer em Yeshua e continuaram sendo fariseus como é o exemplo de Gamaliel, o professor de Paulo.
Para tornar bastante claro que não era necessário deixar de ser fariseu após aceitar Yeshua como seu Messias, consultaremos o professorado do israelita Tsadok Ben Derech:
"Na narrativa de Atos 5: 17-39, os apóstolos são presos e levados ao Sinédrio. Então, entra em cena outro parush importante, Gamliʼel (Gamaliel), neto de Hilel, e professor de Sha’ul (Paulo), consoante Atos 22: 3. O respeitado fariseu Gamliʼel forneceu um conselho para proteger os discípulos de Yeshua.
Segundo Clemente de Alexandria (150 a 215 D.C), Gamliʼel abraçou a fé em Yeshua como Mashiach, mantendo-se como membro do Sanhedrin (Sinédrio) com a finalidade de ajudar secretamente seus companheiros (Recognitions of Clement, I, LXV, LXVI).
(...)
…. muitos fariseus ingressaram no corpo de discípulos de Yeshua, sem a necessidade de renúncia à fé farisaica, até porque as lições do Mashiach eram pautadas nas linhas-mestras do Judaísmo da Beit Hilel. Logo, diversamente do que prega o Cristianismo, Yeshua não foi inimigo dos pʼrushim, mas tão somente lutou contra os desvios farisaicos, mormente da Beit Shamai. Tudo isto implica que o Judaísmo Nazareno possui raízes no farisaísmo, que merece ser estudado a sério, com vistas à melhor compreensão dos ensinamentos de Yeshua e dos netsarim [nazarenos] à luz do contexto original". (Judaísmo Nazareno, o Caminho de Yeshua é de seus talmidim, 3ª edição, 2017, páginas 261 e 262, grifos meus).
À vista disso, cai por terra o enganoso pensamento de que o apóstolo Paulo deixou de ser um grande fariseu. De agora em diante, caro leitor, perca seu preconceito contra os fariseus, pois aquilo que você aprendeu sobre os fariseus dentro das faculdades de teologia cristã é que todos eles eram hipócritas, e é por isso que ninguém gosta de ser chamado de fariseu atualmente. A verdade de tudo isso, é que a maioria dos cristãos estão grandemente errados no que diz respeito aos fariseus.
Seja iluminado!!!
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